E agora a destilação da semana...
Pois é, lá voltei. Despojado. Como (quase) sempre. E daqui a poucas horas lá volto a sentar o cuzinho forma de cadeira de avião nesses apertanços alados. Já repararam que as janelas não dão com as cadeiras das filas? Alguém me disse que era normal. Ao que me lembro (e desconfio de tudo!) a primeira vez que entrei num avião (em 1995) para gravar o Wolfheart (pobrecillo) as coisas pareciam-me mais alinhadas e espaçosas. Que se dane.
Facto é que, teorias das conspirações à parte, as companhias aréas em geral (não há inocentes neste jogo), estão a aproveitar-se, e como, dos passageiros, abusando do mais básico dos direitos destes, até do direito à respiração! A paranóia auto-instalada do 11 de Setembro deu largas à imaginação da proibição e passar hoje pela segurança é um exercício de paciência, estratégia, com laivos "gandhianos" de não violência, auto-humilhação e demais espiritualidades.
Um dia de um metaleiro no aeroporto. Por exemplo, a passada Sexta do célebre voo para Istanbul:
- check in feito em casa, maravilha. Lugares escolhidos, processo fácil, evita-se filas (publicidade enganosa, veremos!), só deixamos bagagem no já famoso luggage drop. Chegada ao aeroporto, as irreligiosas duas horas antes do voo (só para músicos!), fila considerável no check in da Iberia. Procuro o luggage drop, esse oásis...uma funcionária com a boca cheia de bolachas, ri-se entre migalhas como que a gozar...luggage drop? Isso aqui em Lisboa, para a Iberia, não existe. Vamos para a bicha, espumando de raiva interior, toda publicidade evite filas,evite filas,evite filas,evite filas,evite filas,evite filas, repetida num volume absurdo dentro da minha cabeça. Em Lisboa não há, como se esse erro fosse desculpável com um...bem..afinal estamos em Portugal.
- chegada a Madrid, espera descomunal pelas bagagens. Ficaram em terra, em Portugal. A um dia da greve a greve de zelo começa. Vamos para a Turquia a correr porque esperámos pelas bagagens, atrasados por se terem atrasado connosco para nada, repreendidos por hospedeiras, securitas, bagageiros (será do inebriante uniforme ?), lá nos sentamos nas cadeiras que não batem certo com as janelas. Voamos.
-Linha Iberia. Vinte minutos de espera. Alguém atende!!! Fala Inglês. Não! Mais dez minutos de espera! E eu que falaria portunhol!!! Concerto corre bem, teclado de putos que faz a Awake parecer uma música de demo, grande resposta, pratos alugados, estridentes, tudo um flash, um sonho quase. Avião de madrugada, chegámos a Madrid onde tinhamos dado instruções claras para deixarem ficar a bagagem, que na volta apanharíamos. Qual quê! As suas maletas acabaran de seguir para Estambul...Retenho um insulto ibérico, desisto, passo a papelada a outro. Uma semana a perseguir a Air France e a Groundforce por causa de material de bateria. Air France: A groundforce recusa a dar informação sinhõ (pronúncia brasileira); Groundforce: Não temos acesso ao processo da Air France porque foi iniciado no estrangeiro. Air France: não nos perderam a bagagem porra, entreguem! Groundforce: Não são vocês que entregam? Porra, entreguem! Entreguem, entreguem!!! ENTREGUEM!
-Esta peça foi, entretanto, achada numa arrecadação do aeroporto de Lisboa. Entregue em mão (final feliz), depois de choradinho e conversa. Final feliz. À Portuguesa. As outras depois do passeio pelo Levante, chegaram ontem. Mesmo a tempo de amanhã. O que acontecerá?
Aparte que me vinha à cabeça muitas vezes na fila para onde não tinha de ir mas afinal fui: aeroporto novo, que tal um país todo novo? Seria mais apropriado, talvez.
Nós na segurança já nem sei de onde. O Mike teve de tirar (depois de se descascar de correntes, chapéus, pulseiras, cintos, o diabo a sete) um pulso de pano com que planeava sufocar o piloto do avião para mostrar à senhora guarda securita majestatis...eu que engolir à pressa, de uma vez, um iogurte líquido de morango do DIA com que planeava sujar o avião de modo a todos terem medo curioso e eu, de surpresa, sacar de uma bolacha digestiva e com ela ameaçar toda a tripulação pondo em causa a segurança internacional... fora de brincadeiras, somos todos (quem voa) gado que voa. Não tenham ilusões. Acabei de recusar um convite para DJ na Grécia, tudo pago, cachet, etc e tal. Motivo: tinha de ir de avião. Satã me proteja. Shehamforash!
Desculpem o desabafo, para a semana regressa a normalidade com uma dose considerável de veneno. Me aguardem! bom fim-de-semana!!!
nota: Agradeço a todos os fans de Moonspell que trabalham no aeroporto e que por muitas vezes tentaram e fizeram com que a nossa vida fosse mais fácil nesse lugar horrível.
14 comentários:
Satã te proteja! Seu é o domínio dos ares... ;)
Não há o que se desculpar!
Sou complacente ao seu desabafo!
"Volto a sentar meu cúzinho em forma de cadeira de avião",essa foi boa,adorei!
Ao que me parece,antigamente muitas coisas eram melhores e por um preço até que justo.Hoje em dia aumentaram-se os custos e a qualidade deixam á desejar...e é claro quem sai prejudicada é a população!
O meu satã,voçe está equivocado."Sinhõ"não é pronúncia brasileira.
Tem certas regiões precárias no Brasil que assassinam o portugues,por lhe faltarem recursos financeiros e estímulos ao estudo.Os políticos são a maior causa dessa mediocridade!
Senhor é pronúnciado normalmente como se escreve.
Tem certas regiões no Brasil com suas próprias expressões.Por ex:Fui ao Rio Grande do Sul,numa padaria e "Por favor me dá 6 pãenzinhos"o atedente:"Não temos" eu"E o que é isso ai atrás de voçe? ele:"cacetes" eu"o que?Mas são pães!"Finalmente entendi que cacetes eram pães.Para os paulistas cacete é:bater,apanhar,expressão em situação desagradável e por último,em termos vulgares é orgão sexual masculino!
Aqui vai uma dica para situações humilhantes:Não fiquem apenas planejando,faça!
Como por ex.no caso do Moonspell:Eu teria derrubado de propósito comida e bebida e ainda agiria com sarcasmo "ah nossa caiu,oh."e para completar uma risadinha sapeca!
Espero a semana que vem,venha mais veneno de ti!Foi um prazer!
Abraços!!!
Ai, ai... :)
(Ainda te vais arrepender de ter feito um blog.)
P. S. Ser célebre, desculpa dizer-te, é uma merda. Claro, aceito que, a alguém como tu, esse facto mundano e acessório, não te tenha mudado em essência - mas também vivemos fora de nós... e aí é que é um curral que nunca mais acaba!
Mas podes sempre aderir a uma ideia perversa: assumir uma indentidade codificada - e quem souber para onde caminhar, que te encontre... :)
P. P. S. Não essa claro.
«i», claro... já estou «bem disposto», e esta coisa dos computadores, cada vez me maltrata mais o miolo.
Parabéns Fernando, atingiste a idade do JC.
Para Lord of Erewhon:
Visitei o seu blog,é bem interessante!
Abraços!
LOL...e logo "Awake", a minha preferida...estou a tentar digerir a cena do teclado...um parto difícil...
Ainda me lembro de ser miúda e o aeroporto ser um lugar místico, uma espécie de não lugar onde todos os destinos seriam possíveis e a única coisa qu eu queria fazer quando fosse grande era viajar... e de avião.
Como as coisas mudaram... hoje continuo a precisar de partir e de chegar, mas o aeroporto tornou-se num lugar de tormentos e a viagem num meio penoso para atingir um fim... e em muitos destinos desenvolvo a nostalgia pelas viagens de outros tempos quando a própria viagem era mais importante que partir e chegar.
Bolas... e é mesmo verdade que somos tratados como gado.
E porque não comentaste, ó «lago Coventina sem blog»? Porque tenho moderação? Metes um bocado água... deve ser de seres lago!
P. S. Isto é do Fernando - não é um forum... Ou se se conversa, seja algo interessante.
Se gostas de piropos: tenho uma Caixa de Comentários.
"um pulso de pano com que planeava sufocar o piloto do avião para mostrar à senhora guarda securita majestatis...eu que engolir à pressa, de uma vez, um iogurte líquido de morango do DIA com que planeava sujar o avião de modo a todos terem medo curioso e eu, de surpresa, sacar de uma bolacha digestiva e com ela ameaçar toda a tripulação pondo em causa a segurança internacional..."
Hilariante!!!AHAHAHAHAHAHAHAH
tenho k dizer k ja nao frequento os aeroportos portugues ha ja algum tempo(anos) e que,apesar de tudo, sempre la fui bem tratado e nunca tive problemas desses.ainda bem!
claro que apos anos a viajar essas coisas acontecam frequentemente e que estejas enraivecido e talvez um pouco frustrado!pra proxima sera melhor!olha, podias processa/los!! e ainda ganhavas dinheiro!e perfeitamente possivel abrir um processo contra esse pessoal!
devo dizer tambem que fui tratado como um senhor no aeroporto de copenhaga e de Oslo,portanto, para ja, as minhas reclamacoes nao podem ser mtas!
best regards, from the Grimm and Frostbitten kingdoms!>)
O advento das low-cost (que o antro que é o Vaticano já tem uma companhiazeca destas...) trouxe o absoluto desconforto aéreo... Viajamos descaracterizados e enlatados! Sem falar na bagagem... Será condição essencial da evolução dos transportes? A aglutinação para maior lucro... Oh well... Não maço mais.
Me desculpe Fernando,me distrair e sai do assunto no meu comentário anterior!
A minha última humilhação no aeroporto foi tentar diversas vezes recuperar a minha bagagem(faz um ano e meio,tinha duas vodcas envelhecidas 80anos,um whisky105 e um licor145).Por que será que sumiu?Aposto,se fossem "frescurinhas de mulher"não teria sumido!Cansei!
A verdade é que estamos sujeitos a humilhações a qualquer momento.O"sistema"em geral,fazem isso conosco porque sabem da nossa dependencia.Por isso sou a favor de soltar nossos"demonios interiores",é claro,depois de tentativas educadas.
Quando comentei sobre a minha viagem R.S.apenas quis desmonstrar a humilhação que passei ao ir a uma simples padaria, o atedente não me dava os meus malditos pães,até eu pedir da forma inventada por eles(muito envergonhada,lógico,ainda mais para ele).No dia seguinte mais solta brinquei"Me da os cacete".Eu acho que isso aconteceu comigo por preconceito dos paulistas(S.P.)
Felicidades!!!
...E o delicioso pormenor de ires a viagem toda com as rótulas cravadas no banco da frente?!
Postar um comentário