segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A vida não são duas cantigas

Foi verdadeiramente reconfortante saber que o post anterior teve comentários de ambas as personagens da história contada. Os censores e os censurados juntos numa semi-partilha de ideias é algo que nem sempre acontece. Em boa hora o escrevi, e congratulo-me e agradeço os comentários em especial daqueles notoriamente mais jovens que aqui deram um exemplo contrário aquilo que se pensa ser a norma ao deixarem comentários com personalidade e inteligência originais e com contornos próprios (e ainda bem) da idade, não cedendo à tentação fácil de roubar a maturidade e experiência a outrém.

Esta semana (tive de deixar passar o fim-de-semana, dedicado a outros valores e ao possível descanso e observação) trago-vos um texto que já tem alguns anos e uma novidade: não ser meu. Confio, no entanto, que a pessoa que o escreveu terá gosto que para aqui seja transplantado. Aliás, já o fiz nas colunas da Loud! pela razão de que este texto me diz muito e fala da verdade com uma exactidão de sentimento incomum; e, também porque foca um aspecto de continuidade interior que também já caiu das graças dos assuntos, por cortesia do já aqui falado apontar às periferias dos temas em vez de ao seu âmago, aquilo que deveria (primeiro) interessar. O autor é director (palavra pomposa) da célebre e gratuita zine Underworld, que, como todas as coisas importantes, dura há anos e desperta correntemente uma atenção mais que digna e merecida, sendo exemplar a sua mistura de sensibilidades, pessoas e estilos unidos por muito mais do que aquilo que à partida se pensaria. É conhecido por JP e escreve bem e verdade e vamos a isso então:

"Arte na Alma (a vida não são duas cantigas)

Rui "Fingers", outrora compositor principal da banda de Heavy/Speed/Thrash Metal V12, agora guitarrista contratado a soldo de Paulo Gonzo; Beto, outrora baterista também da banda V12, agora a soldo de Marco Paulo; Sérgio Paulo, antes dos inovadores Disaffected, agora guitarrista de Toy, etc... E continuaria a citar exemplos, destes e dos outros, daqueles em que como no meu caso, há a necessidade de fazer pelo vil metal, porque a vida não são duas cantigas.

E daí?

Nada me repugnaria nos casos acima citados (espanto?), se no âmago dessas criaturas se descobrisse o anseio de (paralelamente) "descarregar" os ventos iluminados da criativa ira que em tempos era o seu mote. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...Não. Uma pessoa não muda assim tanto que esqueça ANOS da sua vida e os meta para trás como se nada fosse. Estou errado?

Até as prostitutas de vez em quando podem saber o significado do amor.

Alguns conseguem viver da música (sonho juvenil...) e tocam para o comércio...pois, covers nos bares do cossá-barriga-pisca-o-olho-e-bebe-mais-um-fino-a-mil-paus. Um bacano no outro dia ao bebermos um copo, dizia: "sou um prostituto musical", não meu amigo, praticas a arte mais velha do mundo, e se tens dignidade a tua alma te fará segregar a tua verdadeira voz.

Nem todos temos por apelido Barros, ou papás que não se importem de nos sustentar até aos 30 anos...Mas há muitos de nós que ainda em cima dos seus trintas, quarentas...não se neguem (porque sem a arte não se pode existir...) a levar por diante a realização pessoal do extravasamento, e nem que seja em ensaios ocasionais, ou em fanzines sem periodicidade e com bacoradas inflamantes, a alma manifesta-se porque...

A alma das criaturas não é de plasticina a menos que não haja de todo...

E nos Casablanca há professores do ensino secundário, Adolfo Luxúria Canibal exerce advocacia, em Tarantula também há professores...Muitos de nós trabalhamos-o que não significa estar morto, acabado. Repugna-me tremendamente a forma pejorativa como supostos "iluminados" (normalmente jovens como eu...) criticam e gozam com aquilo que mais genuinidade tem nesta "merda de universo.

Podeis transvestir-vos, mas ter vivido uma vida de transvestismo é nao ter vivido sequer.

Não tenho vergonha de assumir o que faço na vida, é um emprego, uma maneira honesta de ganhar o meu pão. Não se pode censurar ninguém por isto. "Tens 24 anos...daqui a 10 já não estás nestas andanças..." Bem faz agora 10 que aqui ando, se disser que continuo igual aos meus 14/15 anos estarei a mentir? Já não brilham os olhitos de alegria com singelas ocorrências...Mas a alma também precisa destas coisas!

O tempo passa e o que somos também?

Johnny Ambrósio, outrora baterista da banda Virulência Assassina, três demos, um álbum, abriram para os lendários Delícia Canibal e Orgasmo Explosivo; agora nos seu polouver beje, vai de tacão triplo e brilhantina às sessões de "dance-music" da danceteria xixicócó, sem dispensar a sua pastilhinha..Quem sou eu para criticar alguém...desculpai, esta piada parva tinha mesmo de sair..."- JP

Conheci o JP há muitos anos já. Ele continua nisto, eu também. Este é um dos textos que me fez escrever blogs, opiniões, "ensaios ocasionais", "bacoradas inflamantes" mesmo quando o tempo morde os calcanhares, e me faz ver de frente o privilégio que é sentir cá dentro as coisas e saber que, aconteça o que acontecer, viva-se da música ou de assentar tijolo, elas continuam cá dentro e só se não forem verdadeiras é que nos votamos à amnésia do conforto, da "isso eram coisas dequando eu era puto", de ganhar dinheiro com uma coisa que nos repugne ou deixe tristes (isso aceita-se) mas que deixámos sufocar a verdade em nós próprios e isso é inaceitável.

Este texto terá quase dez anos, e enquanto pensam nele, volta à minha parede de coisas importantes para quando eu precisar o ler pela enésima vez. Pois que uma verdade assim não morre.

10 comentários:

RJ disse...

Infelizmente para muitos músicos ganharem a vida (da música) têm que tocar em projectos que não correspondem aos seus gostos pessoais. E há que distinguir uma coisa aqui no meio. Chama-se profissionalismo. A palavra "prostituição" não tem cabimento neste contexto e até é insultuosa. Todas as profissões têm a mesma dignidade, desde que honestas.
A música deve ser mais uma arte do que um negócio (digamos que o ideal seria vender muitos discos, mantendo alguma liberdade criativa).
Certas coisas nunca se perdem, independentemente da idade. Estou certo que quem efectivamente gostou e continua a gostar de metal se impõe facilmente em relação à ditadura da música da moda (ou música em teoria mais popular/comercial).

Joaquim Esteves disse...

Foi com alguma emocao que li este texto, pois recordou-me de tantas de tantas discussoes inflamadas que mantive com amigos, por quelhas escuras, acompanhadas de bom vinho e cerveja fresca!

Eh bem verdade o qu este texto nos transmite, e tal como eca, continua tao actual, como tivesse escrito esta manha!

Do ar ninguem vive, nem toda a vida se pode ser o metaleiro rebelde, de mau aspecto, furioso com tudo e com todos, pois ha que manter o estomago e contas pra pagar ao fim do mes...
Eh a sociedade em que vivemos e deveremos tentar muda-la o mais possivel, sem sermos desacreditados ou cairmos em extremos que so levam a ridicularizacao...

Uma coisa que me deixa feliz, eh que nos nichos mais estranhos e descabidos, la encontramos um irmao, bem disfarcado, bem escondido, mas que continua a curtir o verdadeiro som(profs de faculdade, que em conversas informais "entao e slayer, hem?isso eh que era!ou uns bahory?")!\m/

enfim, as vezes temos que nos prostituir(era exactamente esse termo que usavamos nessas discussoes), pois remar contra a mare, nem sempre da resultados positivos...

A vossa atencao

Anônimo disse...

Olá Fernando,

Este texto (entre alguns outros que leio aqui mas que nunca comentei, devido à falta de tempo na maioria das vezes) fez-me pensar numa série de situações em que me vejo diariamente, como por exemplo, o facto de aos 11, aos 17, agora aos 27 me dizerem: "isso dos metaleiros é só uma fase". Quem sabe aos 87, talvez continuem a dizer o mesmo... Ou então o facto de eu aceitar encomendas de peças que pinto à mão, mas fora da "onda" em que costumo pintar as minhas, e submeter-me por vezes a pintar peças para crianças (afinal, se queremos que um negócio cresça, temos que fazer pequenos sacrifícios); ou então o facto de já ter trabalhado em 1001 sítios, e agora que decido finalmente cadidatar-me á Faculdade (não deixando o meu trabalhinho de backoffice numa empresa de telecomunicações e não deixando o meu sonho de fazer crescer as minhas pinturas e de me tornar numa Historiadora de Arte), me dizerem: "Então mas esse curso não tem assim muitas saídas..."
E é por estas e por outras que eu te admiro a ti, admiro o meu pai, admiro o meu respectivo, porque conseguem fazer o que gostam e sentirem-se, de certa forma, reconhecidos por isso. Eu ainda não cheguei lá, mas não desisto. Dou imenso valor às artes, sejam elas de foro musical, ou plástico, ou outros, pois é a minha área e é a área da maioria das pessoas que me rodeia e é das mais difíceis (se não a mais difícil) de se conseguir que seja "levada a sério" no nosso país, mas é preciso insistir.
E nem todos temos pais ricos, nem fomos ao BES...

Muito obrigada por partilhares este texto connosco. E também irá ali para a parede, pois tal como ele te fortalece a ti, fortaleceu-me agora a mim e espero que sirva o propósito quando voltar a olhar para ele.

*

Luna

Engel disse...

Ainda outro dia estava a ler a entrevista à Carmen Simões na LOUD e ela falava disso mesmo... De como teve que meter 3 semanas de férias no seu emprego como secretária, das 9 às 5, para poder ir gravar o álbum dos Ava Inferi. Acabado de gravar, voltou ao emprego rotineiro como se nada se tivesse passado. Não é fácil.

Eu tenho a sorte de poder ganhar a vida com (alguma) arte, mas mesmo ela, para poder ser minimamente rentável, tem que ser 'prostituída'. Quantas vezes abdico daquilo que seria ideal para ceder à vontade do cliente que quer mais um alpendrezinho ou um canteiro para as flores, ou do outro que quer espremer a capacidade construtiva do terreno e não quer saber se o volume é demasiado ou não... Acaba por ser um pouco como o exemplo que deu a Luna, de resto. No trabalho como em tudo na vida, não dá para se fazer somente o que se quer.
Admiro quem neste mundo conseguir levar sempre e só a sua avante, mas admiro mais ainda a capacidade desses músicos (os que têm que tocar com o Marco Paulo e afins) de, apesar das adversidades, não perderem o vínculo com aquilo de que gostam realmente. E se calhar, de ainda conseguirem ver um lado positivo nisso tudo.

Francisco Rodrigues disse...

Este tratado é fenomenal, quase uma lei física com o dom de mexer com a mente e a vontade.

Unknown disse...

comentário 1: "Se notaram o meu desparecimento, agradeço-vos. Se não o notaram, agradeço-vos à mesma" - hahahaha
comentário 2: que coisa boa, a livraria cultura (.com.br) está disponibilizando seus livros! :D
Vou encomendar o Diálogo agoraaaaa \o/

Lux Caldron disse...

É bem verdadeiro este texto! Constato isso todos os dias.

O meu pai foi em tempos baterista de bandas de relativo sucesso na zona centro, que corriam os bailes da época com música que hoje não seria aceite nesses espaços, toca ainda hoje numa banda de baile, onde a música que toca já nada tem a ver com aquela que mete em casa para ouvir. Fá-lo porque o seu gosto de tocar não diminuiu e este é o único modo de o fazer e ainda levar uns quantos trocos para casa. E ainda que a custo lá vai introduzindo umas músicas de bandas como Génesis ou Pink Floyd nos finais das noites, sem ferir os ouvidos ao velho bebado que se enconsta à coluna de som!

Há alguns meses tive oportunidade de conhecer num bar de música ao vivo da Figueira da Foz, duas pessoas que costumam ir lá tocar integrando-se na banda que lá tocar na altura e que normalmente já conta com eles. É a oportunidade que eles têm de tocar música que gostam com amigos e para amigos, para pura diversão. O emprego deles esse é tocar com os Anjos, demérito?, não! Tocam por dinheiro porque têm de ganhar a vida, mas continuam uns granda malucos... A alma, essa está sempre lá!

Anônimo disse...

Creio que em Portugal este tipo de "prostituição" tem um espectro muito mais amplo do que se possa pensar, nas mais variadas áreas. No meu caso pessoal, segui o curso da minha vida (Arqueologia), e após conclui-lo e ao confrontar-me com o mundo do trabalho, constatei que nada daquilo era o que eu queria fazer. Sim, continuo a lutar pelo meu sonho, continuo na minha área, porque deixar de sonhar é morrer, e eu continuo a acreditar que após os sacrifícios virá um tempo de recompensa. Assim, vou fazendo uns trabalhos para empresas, que nos exploram e sugam até ao tutano, e que na minha área se traduzem por acompanhamentos de obras (quando é que pensei em ir trabalhar para uma obra quando me meti a estudar Arqueologia??) ou escavações que deviam durar 2 ou 3 meses e que no máximo têm de ser feitas em 2 semanas com pás e enxadas (diga-se de passagem que nunca antes de ter entrado no meu curso tinha pegado numa enxada), vergada o dia todo sob a pressão dos donos de obra. E a investigação? E o que eu de facto quero fazer? Ou que pensava que ia fazer quando acabasse o curso... Vou fazendo pequenos investimentos, quer em termos académicos (porque a licenciatura não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida), quer em termos de tempo, por exemplo... Ainda este Verão estive 3 meses a trabalhar (de borla) em Santiago de Compostela, a gastar as minhas magras poupanças, para adquirir alguma experiência em âmbitos mais específicos, com quem sabe, já que em Portugal a investigação é de tal forma pequena e fechada, que na maior parte dos casos as pessoas decidem-se por ir para outros países. É a chamada fuga dos cérebros, não?
Assim, ao fazer aqueles acompanhamentos de obras tenebrosos, em que tenho de estar o dia todo rodeada de trolhas (com todo o respeito que merecem, ou não, consoante a situação), a ver máquinas a rasgar o solo e a quebrar rocha, para me certificar de que não destroem qualquer pedaço do nosso passado e Património, sem que seja devidamente registado, estou também a trocar o "tocar numa banda" que faz o som que gosto, por um Toy ou um Marco Paulo... Isto, na eventualidade de eu tocar um instrumento, que infelizmente não faço...
Acima de tudo estamos num país relativamente pobre de mente e que cada vez mais troca a sua humanidade por lucros a curto prazo que não conduzirão a lado nenhum. Não se investe naquilo que não se pensa vir a ser seguro, ou num projecto de risco, em qualquer área que este se desenvolva...

Desculpem tanta conversa, mas queria partilhar aqui o meu caso pessoal, de certa forma também retratado no post anterior...

lakecoventina disse...

Eu acho que qualquer profissão exercida com amor,esforço,honestidade é louvavel.Fico triste por haver muitas funções desvalorizadas,como quem"assenta tijolos",empregada domestica,até acho que deveria considerar ser "dona de casa"uma profissão(afinal há muito por fazer),eu reprovo isso.E os "iluminados"julgam tais funções como inferiores,mas necessitam delas.
Eu não consiguiria exercer profissão alguma torna-se me triste.Meu emprego anterior causou em poucos meses um desgaste emocional,então desistir,embora o salario era otimo.Hoje em dia estou muito feliz com o meu atual emprego,meu salario é inferior ao anterior,porém trabalho com prazer.
Não critico as prostitutas praticarem tal função,se este é o dom que encontraram em sí mesmas,prossiga.Considero repugnante quem ganha dinheiro desonestamente,desrespeita os proprios sentimentos e os sentimentos alheio.Não considero nenhum musico um prostituto musical,eu pago com prazer(cd,dvd,concertos),sou apaixonada por musica e quem a faz não importa a idade são só numeros,o importante é viver a vida a cada segundo como se fosse o último,a musica guia minha vida sem ela estaria incompleta,impossivel listar todos os momentos felizes,alguns tristes,proporcionado por ela,foram muitos.Mediocre quem acha que a musica incapacita alguem,há tantos musicos com outros dons alem desse.Voçe é um bom ex.disso,escreve,ummm fiquei sabendo que voçe sabe cozinhar,deve saber fazer mais coisas que eu não estou informada meu namorado é empresario e não sabe lavar nem um copo.
Eu só tenho que agradecer a todos os musicos mesmo aqueles que gosto pouco.Um imenso agradecimento ao Moonspell por sua existencia!Fernando continue se orgulhando do que faz é profissão sim,é amor, honesto,batalhado,não importa a idade a musica nos mantem vivos,eternamente jovens!

Bruno disse...

Bem, falando da prostituição aqui mencionada... Claro que, de certo modo, todos temos que nos adaptar àquilo que é mais popular, ao género musical que todos ouvem, que todos dançam, que todos gostam... Felizmente, ou infelizmente, eu não me rejo assim!! Perdi-me um pouco pelo caminho do popular ou impopular, perdi-me pelo bem e pelo mal, pelo bonito e pelo feio... Uma vez que tocou em vários cantores populares, como Toy, achei que seria de mencionar que alguém encontrou este artista num concerto de Dream Theater, se não me falha a memória, ao que alguém, na mesma mesa, perguntou: "Se o Toy gosta de Metal, que raio faz a tocar aquele género de músicas?!"... A resposta seria de adivinhar "Dá dinheiro!". Como alguém mencionou nestes comentários que li, e como o próprio Fernando o diz, são coisas que se consideram passageiras. Bem, comecei a ouvir Metal numa época menos boa da vida, comecei a integrar o mundo metaleiro/gótico(bom para uns, nojento para outro, mas sou eu e não penso mudar por ninguém) nessa mesma altura e ainda persisto. Com 20 anos de idade (menos uns trezentos ou quatrocntos na alma), ainda aqui estou e não penso mudar.
Também eu trabalho a minha arte... Desde o jardim de infância que pinto, embora não o tenha feito com tanta frequência quanto gostaria. Graças a uma amiga, comecei a escrever as minhas ficções e, após uma visita á Fnac do Chiado com uma ex-namorada e grande amiga, li as suas poesias, voltei a ler a minha adorada Florbela Espanca e tenho tentado fazer poemas. A escrita é um acidente de percurso da minha vida, mas cheguei àquela época em que não consigo pensar em mim, sem estas coisas... Comecei um projecto de banda metal, ainda que o meu registo vocal seja de voz limpa e de soprano(sim, um gajo a cantar de soprano), mas as coisas não estão a andar!! Seja como for, eu estou aqui, quer gostem, quer não. Também sou um blogger, embora o meu blog sirva para depositar ideias, pensamentos, sentimentos, etc.. De qualquer modo, passar por este blog, ouvir as suas músicas, ler as suas poesias, ouvir Amália Rodrigues, a minha cantora favorita, vaguear, sofrer de depressão, ter praticado auto-mutilação, discutir com a minha mãe e quase sermos inimigos, perder o meu pai enquanto criança e a minha avó materna(uma das pessoas mais importantes de minha vida e formação enquanto pessoa) na adolescência, ser inimigo da família paterna e muitas oputras situações que não mencionarei, ou gastaria toda uma tarde com isso, fizeram de mim o que sou, uma pessoa cheia de dúvidas e, ao mesmo tempo, de certezas, um metaleiro, um gótico, um depressivo, um emotivo, um feliz, um desprendido da vida e toda uma outra infinidade de adjectivos... Pinto, escrevo e canto(fado ou qualquer outra coisa, para mim, mas canto)... Aqui estou, num café, num computador, a deixar este comentário. Tudo isto, porque acredito na força da vontade humana em mudar, na força dos sonhos e na "miragem" de beleza interior, face à interior!! Como disse lakecoventina, a música mantém-nos vivos... A música, ou a arte... A mim manteve-me, ou não estaria aqui agora. O sol brilha, o tempo passa e eu termino... Boa tarde!!!