quarta-feira, 25 de março de 2009

Megafest

Fez ontem exactamente uma semana que aconteceu o Priestfest no Pavilhão Atlântico, como uma espécie de aquecimento para o Verão que se avizinha, com visitas promissoras (Slipknot, Lamb of God, Mastodon), e regressos que temos de esperar para ver como correm, bem como algumas presenças vibrantes em cartazes mais Underground que se já fidelizaram não tantos como desejariam pelo menos em sede própria e com alguma justiça, vão crescendo aos poucos. Como disse, o Verão aproxima-se e vão-se anunciando os cartazes, que para além da costumeira demora em se definirem ainda não chegam, e é verdade, ao faustoso cartaz de um Hellfest ou de um Metalway (este ano, para já, superiores ao Wacken) para quem deseja mais e mais, ou ao cartazes mais sólidos de festivais Europeus que se consolidam sem muitas queixas ano após ano, isto para os festivais mais pequenos.

É natural, e toda a gente sabe, que estamos em Portugal mas o que escapa, por muitas vezes, e quem viaja como amante de música ou “em trabalho” não me desmentirá que assistimos por vezes , entre portas, ao fenómeno estranho de que cartazes bem mais fracos e baratos do que alguns cartazes Europeus reúnem muito mais gente à sua volta (e não só exponencialmente) do que o Hellfest em que todas as bandas tocam (é difícil dizer uma que não estará lá este ano!) ou no Metalway, na vizinha Espanha, desenhados para as 25.000 ou 40.000 pessoas e que comparados com o cartaz do Alive! (um dia de Metal) proporcionalmente teriam mais gente, mas não! É um fenómeno curioso este mas apesar da crise as pessoas vão, as 6000 e tal pessoas do Priestfest foram das maiores audiências desta tour, e dá que pensar como se comportariam os fãs de Metal em Portugal se lhes servissem o banquete do Hellfest em vez da refeição sólida mas só de um dia do Rock in Rio (50.000 pessoas), Alive (30.000) ou SBSR (15.000 com Maiden, mais gente ainda com Metallica).

A tour Cradle of Filth/Moonspell/Turisas também não passará por cá. Ao que sei os promotores consideram cara e arriscada, a tour deste estilo que mais esgotou salas na Europa o ano passado (a outra foi Opeth, apesar de serem salas mais pequenas a que estes tocavam) e tão bom resultado teve que merece uma segunda parte passando por países (como Bielorussia, Rep.Checa, Itália, Sérvia, Roménia Eslováquia,etc.) que vivem com bem mais dificuldades que Portugal mas que mesmo assim, assumem o risco de nos ter lá e ao que se sabe com sucesso já nas pré-vendas. A última vez que Cradle e Moon tocaram juntos em Portugal, traduziu-se apenas em dois Coliseus cheios, coisa insuficiente para todos os promotores que, ao que parece, continuam a preferir o lamento ao risco, os festivais por toda a parte com 250 a 400 pessoas a assistirem, indiferentes à ideia de se juntarem uns poucos e fazerem algo maior, indiferentes ao fenómeno da adição de todas essas pessoas num evento único que, muita gente já me confessou, em pessoa, fazer falta a Portugal porque indo a Madrid esta tour, os Portugueses se sentem esquecidos…Mais fome mesmo que fartura sem o retorno necessário.

Mas voltando à noite da semana passada. Devo atalhar por dizer que saí todas as noites nessa semana. Segunda, copos tranquilos com a crew e a manager dos Megadeth (de tarde o Ricardo e o Mike mostravam as delicias culinárias e paisagísticas de Cascais a Dave Mustaine e Chuck Billy e seus pares, Ricardo incrédulo por no seu carro se sentarem estes dois últimos); Terça, Atlântico; Quarta, Hard Rock (esgotado pela primeira vez!); Quinta, família; Sexta, Metropolis; Sábado, Apocalypse e amigos. Ufff. Daí o meu “retiro” na bela e completa cidade de Sines (de onde escrevo) que cada vez me encanta mais, pela beleza, pela comida, pelos amigos, pela mistura industrial com litoral, por ser a casa do nosso Cirque de Soleil (Teatro do Mar) e por tudo o mais que só sentido, contado não tem graça.

Mas a semana passada, vi um concerto belíssimo dos Testament, com o som um pouco faltoso, típico da primeira banda de um festival, mas com uma garra e um contacto com o público que mais que compensaram esta ou aquela fugida do PA, e claro, não desfazendo em ninguém, com Paul Bostaph, portentoso como nenhum outro. No fim, vi Priest, oscilante, excelente som, um bocadinho a mais de theatrics , alguns momentos mortos com os temas mais recentes, muitos delays na Voz, mas, para além disso, toda a cultura Metal (até demais, em certos pontos) mas digno de ver e aplaudir, sempre.

E não, não me esqueci dos Megadeth. Nem podia já que a noite foi deles. Um metaleiro gosta, sempre, de coisas em grande, mesmo que o pé fuja para a bota. E os Megadeth foram exímios em dar um concerto BIG, tipo Monsters of Rock, mesmo em recinto fechado. Tudo contribuiu para isso: o palco simples e magnético, com a rack de bateria central , a parede de Marshalls, o pano só com o logotipo. As cores, pouco mais que o preto e o metalizado, muito, muito clean. O alinhamento, a pose, até um bocadinho a mais, os solos do novo guitarrista (Chris Broderick) que tão boa conta deu deles, os ventos nos cabelos de Dave Mustaine, a pouca mas eficaz conversa do mesmo, o momento altíssimo de quando tudo pára e segundos depois se canta o refrão do A tout le monde, o trautear gigantesco do riff de Symphony, um dos melhores de sempre do Metal.

Enfim, tudo foi grande, até mais BIG que grande. Aquele sentido de palco, distante mas próximo, sempre a puxar, de quem já foi talvez uma das maiores figuras do Metal e que não se esqueceu de tal. E com concertos destes não deixará ninguém esquecê-lo.

Tenho dito, não foi BIG, foi MEGA.

11 comentários:

A Lisboeta disse...

Estou a ver que tiveste uma semana bem agitada, sempre cheia de concertos e boa música. De facto, a crise parece não afectar o número de pessoas que vão aos concertos. Acho que é o amor pelos artistas que fala mais alto, até porque tal como tu sabes (melhor que ninguém) a música é uma arte, e tem um poder incrivel sobre as pessoas :) Daí que se justifique os milhares de pessoas nos festivais. beijinho*

Anônimo disse...

Megadeth! Quem me dera ter estado lá naquela noite ... por estas palavras só de pensar ... logo fico a salivar ... e a querer que eles voltem outra e outra vez! Grande Fernando! Eternos Moonspell!! Stay Cool man!!

Joaquim Esteves disse...

Semana de boa vida!=D e bons concertos...
no decorrer da leitura do post, apareceu-me uma duvida: as bandas nada têm a ver com as produtoras?nem podem fazer a balança pender para um concerto aqui ou ali?eu não tenho mesmo a noção de como estes acontecimentos se processam, mas fico danado em saber que a tour d moonspell e cradle não vão passar pelo jardim à beira mar plantado...=\

Anônimo disse...

Olá, Fernando!

Confesso que senti uma ponta de inveja (eu, que não privilegio a inveja em nenhuma das suas formas) ao ver o cartaz do Metalway; há várias bandas que gostava buéréré de ver ao vivo. Fiquei de olhar guloso com um cartaz tão bom.

Em Portugal, reparei que no que concerne a espectáculos (não somente de música) aposta-se amiúde no seguro, no que já deu provas e mais provas de sucesso. Não digo que seja uma postura errada, mas quem perde acima de tudo é o (eventual) espectador, que se vê privado de diversidade e novidade, e até da simples opção de simplesmente não ir ver o evento.

Há uma semana, fiz uma escolha e fui ver Sisters ao Coliseu; já os vi antes: o Eldritch sempre tão, oh!, expansivo, o fumo interminável, o Doktor Avalanche always bombating. SoM fala-me aos recantos e não há nada a fazer. O Eldritch estava invulgarmente simpático (devia estar naquela altura do mês) e o concerto foi imensamente superior ao habitual. Infelizmente, a di$ponibilidade não deu para chegar aos Priest... dias mais abonados virão.

Fica bem.

VR

P.S. - Sines é um bom local para relaxar e fazer uma escapadela, e na biblioteca municipal folheia-se a imprensa diária com violinos e tubas em ensaio como música de fundo; très chic! ;)

Filipe disse...

E vamos ter um inédito em Portugal.
Marilyn Manson no Coliseu do Porto !!
Já tenho o bilhete, estou para ver e participar em tal acontecimento.

Anônimo disse...

o Manson no Porto? isso é a sério?

Anônimo disse...

"A tour Cradle of Filth/Moonspell/Turisas também não passará por cá. Ao que sei os promotores consideram cara e arriscada..."

:| sem comentários mesmo... por isso é que este país nunca passa da cepa torta. Cradle of Filth nunca vi e gostava de ver, Turisas ainda apanhei metade do concerto quando fizeram a primeira parte de Dragonforce em Corroios, mas pelo que vi fiquei mesmo fascinado, grande banda, grande presença em palco. Aquele som folk metal é mesmo brutal! Quanto a Moonspell já não me chegam os dedos das mãos e dos pés para contar as vezes que os vi, mas é daqueles concertos que vale sempre a pena ver \m/
Um cartaz destes ia mesmo ser brutal... mas é a tal coisa... não rende, se calhar rende mais trazerem cá o 50 cent para tocar para 3000 pessoas e ir embora a meio do concerto (só gostava de saber quanto ele recebeu..).

Anônimo disse...

Acho que és um homem delicioso. Mas é apenas uma intuição.

Anônimo disse...

Olá Fernando,

fico muito feliz por saber que o teu blog tem vindo a ser actualizado e espero que continue! Arranjar tempo para tudo nem sempre é fácil, I know!

Engraçado que, mais uma vez, os nossos caminhos se cruzaram em mais uma noite memorável, desta feita com megadeth e priest em pano de fundo! ;) Pena não te ver por lá!

Fica bem!

By myself disse...

Vá lá...mais um tempinho para a família (digo eu!)

Beijocas

Anônimo disse...

É arriscado... Arriscado saber que tive dez anos á espera de rever Manowar e que o acabei por fazer em Espanha, arriscado saber que grandes bandas, que espero um dia ver ou rever, dificilmente passarão por Portugal e, que meses de poupança, se esfumaram em cofres Espanhois numa cerveja já morta á nascença, quando poderiam muito bem ter-se esfumado na alegria de umas quantas Super Bock, uns mergulhos no mar, e especialmente em pessoas que sabem receber...
O Priest Feast foi magnifico, Sem duvida Megadeth e testament partiram tudo, Priest foi (para mim)uma ténue luz no fundo do cansado olhar, saciado de mais um sonho antigo, ver os trashers em acção! Venham mais desses, o povo quer, o povo vai, porque não?
Parabéns pelo concerto no Metalway, conseguiram destruir-me corpo e mente (com a ajuda das reliquias de São Miguel) e quase não resistia ao cansaço da viagem e do vosso potentissimo concerto para ver Manowar... Agora, já de volta à terrinha, só me apetece que chegue rápido o dia 23, é que aí, a apenas 15 km de distância, o poder, a gana e a liberdade serão maiores! Olegário