quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Fookin hostile

Começo pela consciência de que não tenho o tempo que queria para destilar propriamente este artigo. Continuo dizendo que talvez me arrependa dele. Avanço confirmando que, para mim, quem diz que eu dou demasiada importância a estas coisas, especialmente quando estas coisas os visam, talvez tenha razão. Mas, por outro lado, acho esse comentário sempre defensivo, redutor de e em si mesmo, e exemplificativo de que existe muita palavra para pouca convicção; muita opinião para pouco fazer. E meter-me, observando e comentando, foruns e quem lá escreve não sendo saudável, é importante quanto mais não seja pelo contrapeso que é vital em todos os mundos e am todas as situações.

Exemplo: quando o Sam the Kid disse o que tinha a dizer, respondi. Muita gente, a maior parte me disse, porquê?, deixa lá isso, tu és superior a isso. Tudo bem, até entendo alguma parte desta atitude. Claro que, sabendo o que sei hoje, e seguindo o que o Sam diz, continuo a pensar que fiz bem em responder. Ao menos e no mínimo as pessoas iriam contactar com outro ponto de vista (o do visado, neste caso) e, talvez, pensar nele. Isso já é uma conquista, apesar do peito aberto, escudo humano, descer do pedestal, e por aí fora.

Quando se anunciou o concerto de Sábado no Porto com Kreator, Fever e Before the rain, houve gente que ficou contente. Eu fui um deles. Por várias razões. Mas também houve um contrapeso enorme. Vão até ao http://www.metalunderground.org/ e pesquisem-no tal como eu o fiz. Vão ao forum de Moonspell e façam o mesmo. Para além de boas e verdadeiras almas, verão a razão de muitas coisas e o porquê de muitas outras que nunca chegarão a ser coisas, perdidas nestes pensamentos de nomeada hostil e perdedora.

Claro que lido bem com as coisas, tenho de o fazer não é? Mas entristece-me ver que as conversetas de Gingão, as conspirações da cena, o queixume de sempre, ainda grassa e como por entre o líquido digital de ecrãs. Bem sei que muitas destas coisas nem a sério se podem tomar, mas à pele vos digo que muitas vezes me apetece emigrar (nunca fisicamente, claro, Portugal é um vício) dos meus próprios pensamentos e desistir de fazer coisas neste quadradinho. Não o vou fazer por mim e pelos outros que, como eu, continuam a acreditar e a fazer com que as coisas aconteçam em vez de as julgar prematuramente e, muitas vezes, sem substância. Podia espetar aqui o cliché do falar é fácil...fazer...mas não. Prefiro dizer que é muito bom comentar, ainda melhor se torna qundo se pode fazê-lo com obra feita, trabalho esforçado e feitio de luta. Com inteligência.

O forum que citei, iniciado até por um bom amigo meu (Jó), é o exemplo acabado e perfeito do que eu acho que é a cena Portuguesa, no que tem de bom e de mau. Recorro algumas vezes a ele por inspiração. Muitas vezes fui desafiado lá, confundido com user em modo de espião e por aí fora mas se não me torno user é porque não me identifico com o que lá se faz na sua maior parte. É como não ouvir Moonspell ou Therion ou Nile por exemplo. Não conseguiria passar a vida (quase toda) a emitir opiniões, olhando para o lado em vez de olhar para a frente. Mas, atenção!, já lá aprendi alguma coisa, do cravo e da ferradura.

Mas imaginem-se perguntados mil vezes quando é que tocam um Coliseu? Depois anunciamos, depois é porque é que o festival é assim, porque este nome para o festival e não x, porque é tão caro (esta é para rir, claro), porque fecham, porque abrem, porque isto, porque aquilo... dá vontade de permanecer na mesma e dizer olhem há excursões para o Wacken (onde me comoveu o apoio da elite portuguesa que lá foi!!!) e talvez para Vigo etc.

Tocamos pouco em Portugal. Tentamos tocar mais. Mas é complicado. E incompleto. E, por vezes, inglório.

Nos EUA muitos fans vêm ter contigo e dizem adoro a tua banda! Isso é bom. Mas depois dizem: mas a banda que tocou convosco era uma merda para realçarem o elogio que vos fizeram. Para mim apagam-no de imediato. Não ficar até ao fim de um concerto é uma opção cada vez mais corrente e pessoal. Esburaca a cena, a moral, a imagem das bandas e dos promotores. Mas o vício da hostilidade é muito grande, maior, por vezes, que o da música. E isso, preocupa-me, e por isso eis este artigo nas suas honestas limitações!

Sábado lá estarei sem este espírito mas com o outro que me é mais caro e verdadeiro. Esteja quem estiver. Fique quem ficar. Saberemos agradecer. E aprender. Nunca nada é a primeira ou a última vez, fiquem sabendo.

Última coisa: leiam a Loud! do próximo mês. Será sobre a experiência do Tuska e do Wacken. Sobre a terra prometida.

Última, última coisa: tenho saudades de tocan no Barreiro e em Guimarães. E isto agora levou-me bem para cima. Escrever é um remédio. É ópio puro.

14 comentários:

African Queen disse...

Eu fiquei triste quando soube que o concerto ia ser dia 1 de Setembro, precisamente no dia em que abalo para Barcelona e com uma tarifa rafeira que não permite alterações. Dos Moon (como eu gosto de chamar carinhosamente)eu não perco um concerto no Porto (ou noutro lugar se eu andar por lá). Podem tocar com quem quiserem, onde quiserem, até debaixo de água que eu tou lá a assistir.
Bom concerto!!!

Engel disse...

... e agora vinha eu aqui e dizia "deixa lá isso, não percas tempo com mesquinhices, blá, blá, blá". Mas não, não desta vez. Apetece-me antes dizer que me agrada saber que continuas próximo destas conversetas, sabendo do bom e do mau. E que reages tal como qualquer outro de nós. :) Qual pedestal, qual quê...

Por uma unha negra eu não conseguia estar no Porto no dia 1, mas os astros conjugaram-se e lá estarei no Coliseu. Quero lá bem saber quem toca primeiro, ou em segundo ou em terceiro... Isto não é um pódio de atletismo. Ou pelo menos não é isso que deveria ser. Certamente não é assim que EU vejo um concerto, onde vou para apreciar uma Arte bem executada, para me divertir, para conviver... para um sem-fim de coisas entre as quais não está a competição. Para isso há o dia-a-dia.

Até sábado.
\m/

Unknown disse...

Não tenho por habito intervir em fóruns e cenas afins, simplesmente porque não me identifico com essa forma de contacto (talvez pelas pseudo-conversas baseadas em pseudo-assuntos, que muitas vezes parecem ser “obrigatórias” nestes locais).
Mas desta vez não posso deixar de o fazer, e por uma questão de respeito! Respeito semelhante ao que manifestas por todos nós (fãs e seguidores incondicionais da banda) ao dizer, e de que maneira, o que te vai na alma!
Complicado, incompleto e inglório… tocar em Portugal. Duro de ler, mas presumo muito mais duro de sentir e de dizer! E acredito que só pelas tuas (nossas) origens, com tudo de bom e mau que implica crescer num bairro como o nosso, com o habito criado desde muito cedo de batalhar pelo que se quer (ás vezes tendo de estabelecer duras prioridades) e pelo muito trabalhoso e árduo que tem sido o percurso dos Moonspell, se podem ter atitudes como as tuas, que são (e passo a “frase feita”) grandes lições de respeito e de humildade!!
Se para alguns é fácil (diria mesmo, obrigatório!) criticar pelo simples facto de o fazer, é bom que por vezes atitudes (neste caso, artigos) acordem essas criaturas das suas patéticas preocupações e queixumes!!
Oxalá tenha o efeito desejado e consigam de futuro ser mais humildes nas suas exigências e mais incondicionais com a banda.
E incondicionais, longe de querer dizer seguidores cegos, quer dizer isso sim, questionadores, atentos, e acima de tudo respeitadores do fantástico trabalho que nos oferecem!!
Até 31 de Outubro (em Lisboa) e até lá excelentes concertos 

P.S.- e um concerto na Brandoa? Voltar ás origens e rever o pessoal doutros tempos e de outras “batalhas”?

Sophia Cinemuerte disse...

"Escrever é um remédio. É ópio puro." Faço das tuas, as minhas sentidas palavras.*

Francisco Rodrigues disse...

O concerto no Pavilhão Multiusos de Guimarães foi absolutamente inesquecível. Fantástico.

Francisco Rodrigues disse...

No forum dos Moonspell, fui eu que lancei a discussão sobre o preço do bilhete para o Marés Negras. Na altura disse e repito, a cultura de qualidade paga-se. Acho que é assim em qualquer parte do mundo. Estive em 2005 no Fringe Festival de Edimburgo, na Escócia, naquele que é um dos maiores, se não mesmo o maior evento cultural do mundo. Lá havia imensos espectáculos, exposições, mostras de arte, entre muitas outras coisas, algumas gratuitas, mas outras eram pagas e bem pagas. Não há volta a dar.
Voltando ao marés negras, é óbvio que são várias bandas a actuar e isso custa dinheiro. Há muito trabalho por trás de um evento destes, na sua totalidade. Não acho que 25 euros seja caro para este festival, mas a compra do bilhete depende da disponibilidade de cada um. De qualquer forma, sábado lá estarei no Coliseu do Porto.

Joaquim Esteves disse...

Ora bem, ai esta uma coisa que eu desisti de fazer: navegar por foruns. aborreci-me tantas vezes por causa deles, que, pura e simplesmente, abandonei-os para sempre. E certo e sabido que as opinioes sao livres, mas,infelizmente, ha uma certa "pseudo-elite" ou uma elite de pseudos que se acham os donos da verdade.e ja me basta a vida real para me chatear, quanto mais um molho de bits para me tirar do serio...
a unica razao porque paricipo neste blog e porque gosto do teu trabalho enquanto musico e critico.

em relacao aos concertos, acho isso mt estupido! talvez por nao ser financeiramente favorecido, porque apesar de nao gostar das bandas, gosto de apoiar as pessoas e musicos, porque gosto de musica, porque gosto da adrenalina do mosh, fico ate ao ultimo momento! firme e hirto! feliz e descansado, pois a minha experiencia foi plena! a musica e como um whisky velho, tem k s saber apreciar...=)

best regards, from up North!

Passo a publicidade, mas quem tiver curiosidade, passe pelo meu blog: oestrimnis.blogspot.com

obrigado!

lakecoventina disse...

Concordo com Anabela e Endovelico!
Acrescento:...Tem pessoas(fracassadas)que querem se divulgar fazendo publicidade negativa "em cima" da sua pessoa porque sabem do seu poder,do seu talento,mas nunca conseguirão exito!
Seu trono é merecido!já lhe disse isso antes!
Minha admiração é tanta por voçe que meus amigos me perguntaram se sou sua mãe(me "zuaram" legal).
Therion é muito bom.Ginnungagap amo essa música!
ЛЮБОВЪ,ЖЕЛАННЫЙ!!!

Klatuu o embuçado disse...

Olha: «cagaré, cagaró»! :)
Nunca estiveste na moda... o que pouca gente entende! E «entender» é uma tarefa que cansa muita «alminha gótica»! :)

Abraço!
P. S. Tens bom gosto com os lugares...

P. P. S. Quem é o Sam the Kid?? JAJAJAJAJA!!!

Fátima Inácio Gomes disse...

Que maravilha de comentário... com veneno na dose certa e justiça no desabafo adiado (pelo menos, eu encontro justiça nas palavras).
Felizmente, lembraste as "boas e verdadeiras almas" que povoam fóruns e blogs e que vão sendo abalroadas pelo torpel de hostilidade de muitos participantes e pelo distanciamento magoado e frio dos ídolos visados.
Creio que há ainda muito de "fã" em ti... daí que não te consigas fechar completamente na segurança do teu reduto de ídolo de uma banda com reconhecimento internacional. Permanecesses tu nesse reduto e ninguém te censuraria, embora muitos sonhassem com esse contacto humano... Poderias ter escolhido esse caminho...
Escolheste estar perto de nós... e muitos não te perdoam o facto de, assim, os expores à sua própria pequenez... qualquer contacto será sempre apontado de acordo com a amargura de cada um...
Poderias ter ficado no limbo das celebridas... estarias mais protegido. Mas há quem te agradeça que não o tenhas feito.

Carlos Ferreira disse...

identifico-me com este texto no que diz respeito ao forum metal underground, nunca me inscrevi por la devido ás atitudes, e conversas que por lá passam... ainda agora devido ao teu texto fui ver as criticas ao mares negras e coitados dos [f.e.v.e.r.]... eu nao gostei especialmente dos before the rain, mas não será por isso que vou falar mal deles (até porque nem tenho razões para tal, simplesmente, não me agradaram.), por vezes fala-se mal so para não se estar calado.

Já agora, grande concerto!

Abraço.

Fátima Inácio Gomes disse...

... aliás, quando não se gosta de um estilo, mais uma razão para não comentar. Não poderemos avaliar criteriosamente a qualidade de um projecto cujo contexto, por gostos particulares, desconhecemos.

Unknown disse...

Moon no Porto já tem tradição. Eu Estive lá, vibrei, vi o tecto do coliseu desabar (um bocadinho vá, :))... e as dores de pescoço mantiveram-se por uma semana. Adorei o concerto, independentemente de qualquer polémica que se tenha gerado. Havia sentimento no ar. Por isso, parabens. Continuem o excelente trabalho.
diana

Wanderer disse...

Em relação a concertos, digam o que disserem, na minha modesta opinião, o melhor concerto de Moonspell que vi foi no já extincto Johnny Guitar em Lisboa.
Lembras-te disso, Fernando? Um ambiente que, explicado, não consegue transmitir a vibração ( e, porque não, a emoção ) que se sentiu.
Um palco extremamente simples ( o tamanho também não dava para muito ), decorado com velas... Sem explicações...
Vi muitos e bons concertos de grandes bandas estrangeiras. Mas este de Moonspell.... até me arrepio só de pensar nisso... Foi brutal, e, sem dúvida, o melhor de todos.

Aparte os concertos,espero que continues a brindar-nos com as tuas opiniões acutilantes na Loud, e aqui no Blog, e que, de algum modo, tentam despertar a consciência de mentes empobrecidas. É uma luta dificil, mas mais pessoas assim fazem falta.
Não podemos nunca deixar morrer a verdadeira essência do Metal \m/