quinta-feira, 16 de agosto de 2007

O meu primeiro disco de Emo

Quase Sexta...

Há 11 dias que algum do material de Moonspell anda a passear pela Europa graças à incúria da Air France e da Tap/Groundforce que insistem em tratar os seus passageiros como lixo, daquele lixo sem vida própria, compromissos a honrar, instrumentos para criar ou trabalhar. Para quando o teleporte?

O Emo é um estilo que me chega através de toda a carga negativa que o divide entre quem o odeia como música de putos sem inteligência, com uma sensibilidade histérica e modistas; e esses mesmos"putos" que, pelo que vejo, se afundam na música, nas referências, nas roupas, muitas vezes, talvez, sem critério mas com paixão (termo discutível). Claro que as coisas não serão exactamente assim mas...

A passagem dos MCR (My Chemical Romance) por Lisboa e pelo mundo não deixou ninguém indiferente e penso que esta banda epitomiza na perfeição este abismo entre os putos de caveiras nas meias e gravatas e os ofendidos pelos gritinhos emocionais e prolongados dos vocalistas. Passem no forum do Blitz onde uma pequena guerra acontece, enquanto falamos. Confesso que nem tomei aquela atitude purista de verificar as origens e fontes deste movimento. Julgava eu que Emo era um termos que se aplicava a coisas como Bonnie Prince Billy (fora do Metal) e o mais aproximado nas coisas do Rock seriam os Isis, os Cult of Luna, Neurosis (dark emo, anyone?), Pelican, etc. Este é um estilo que por acaso me encanta. Há uma banda Portuguesa (os Riding Panico) que descobri numa compilação da FNAC que trilha e bem estes caminhos, já para não falar dos Process...ou dos Men Eater em registos mais duros e metálicos-

Adiante...estava enganado. Afinal o Emo é outra coisa. Não me surpreende. Afinal há mathcore, não há? Um dia, no estrangeiro, vi um video magnífico de uma banda com uma cara que me era muito conhecida. Vim a descobrir a cara: Jared Leto, protagonista de um dos meus filmes de sempre (Requiem for a Dream). O video passava-se na Cidade Proibida (China) e metia inveja pela sua elegância e opulência. Daí, armado em "puto" comprei o disco. Já gostava dos AFI e especialmente dos Stabbing Westward (que talvez tenham começado tudo isto do Emo sem o saberem). Gostava da imagem, do preto elegante, das caveirinhas, do cuidado, dos detalhes (ainda fico contente ao ver -como vi- um puto de gravata vermelha ao lado de um metaleiro de colete com estampas a curtirem...sei lá...Immortal) e gostei do disco e ouço o disco, aliás estou a ouvir. Fui ouvir então os MCR e a coisa aí não foi bem a mesma...coisa. Sem juízos de valores superiores enquanto que os 30seconds têm musicalidade, ideias, e referências, penso que com os MCR a coisa vai mais pela adição, imagem e fama. A música, para mim, é mesmo despejada de boas ideias, a voz irrita q.b. e antes que aqui o Spectator seja hackado por um fã dos ditos fico-me por aqui. Mas, pronto, sem querer convencer quem gosta a passar a não gostar, não gostei. Depois como sempre vêm os sucedâneos que nem estive para ouvir...

Passar os olhos por um forum e parar lá é, hoje em dia, o equivalente virtual a passar por um acidente de carro, parar e ficar a ver aquilo. Aliás estou a preparar um post aqui sobre esses mesmo foruns de haterz, frustratedz, e afins. Conclusão: tenho e ouço um disco daqueles do Emo, que comprei por causa de um video, de um gajo actor famoso. Já tenho uma meias às caveiras e até uma gravata (o que sonhei com uma!!!). Promovo a sensibilidade. É desta que me perco? Não me parece. Bom é sempre experimentar: do bom e do mau. Para sabermos do que estamos a falar. É que, muitas vezes, não é discordar, sabem? É mesmo verificar que uns 99% do que se diz é infundado e inventado. No forum do Blitz até os NIN foram metidos ao barulho por causa da exposição dada ao fenómeno MCR. Parece-me que quem ouve NIN não precisará que falem deles desta ou daquela maneira para os ouvir. As boas bandas ouvem-se sempre, na presença ou na ausência delas nas palavras dos outros.

Bom fim-de-semana, vou até à Turquia perder e danificar mais umas roupas, tripés e tarolas.

15 comentários:

I. disse...

Até há alguns meses atrás não sabia (e pouco ou nada tinha ouvido falar) da existência dessa tal corrente, tendência, núcleo, o que se quiser chamar, enfim, do mundo Emo, até que, sem querer, fui esbarrar com a sua, digamos, definição, ao mais improvável dos sítios, a Desciclopédia (que recomendo vivamente, é no mínimo surpreendente e divertidíssimo!), que é, para quem não conhece, uma preversão da minha bem-amada Wikipedia (encontro lá tudo o que quero e pronto!). Deste modo fiquei, por um lado, com a “pior” (notar as aspas) noção do que Emo pode significar e, por outro, com a melhor porque, geralmente quem critica (e a Desciclopédia CRITICA) diz a verdade.

Concluindo: posso dizer que ainda não percebi o verdadeiro significado do termo “Emo” (mesmo já depois de ter consultado outras fontes!), porque, acho, é uma coisa que se define e que encanta pela própria indefinição. Em poucas palavras: é uma salganhada tal, vinda de um desejo tão grande de criar algo completamente novo e distinto (e definido!) que, vejam bem, acaba por surgir por acaso (como tu, Fernando, dizes e muito bem ao falar dos Stabbing Westward). E com isto não estou a criticar.

Gosto de ouvir MCR como gosto de ouvir 30 seconds to Mars (estes últimos com um bocadinho menos de aflição e mais, digo mesmo, prazer, do que os anteriores). Acredito que os MCR realmente têm feito um bom trabalho e projectado como poucos o movimento Emo, mas quando um dia li, numa qualquer revista, que «daqui a uns anos os My Chemical Romance podem vir a ser considerados a melhor banda de rock do século»…Sorry?? São bons, sim. Fazem uma música invulgar (não sei se é este o melhor termo), enérgica e melancólica ao mesmo tempo, representam uma cultura e marcam uma época? Sim, sim e sim. Mas…calma! O século ainda mal começou e, sinceramente, espero que os MCR não sejam o melhor que o rock tem para dar nestes cem anos mal começados. E como eu gosto de caveiras nas roupas! Por isso, subscrevo e assino…hum…99% do post aqui colocado. Mas talvez mudasse a última frase, se me dessem licença, assim: «As bandas amadas ouvem-se sempre, na presença ou na ausência delas nas palavras dos outros».
Porque, mesmo não se sendo bom, é-se sempre susceptível de se ser amado.


Um beijo e boa viagem à Turquia! (Já eu vou à Tunísia... Realmente, para quando o teleporte sem a perda de bagagens??)

Inês

lakecoventina disse...

É Fernando,a verdade é que o "sistema faz do povo seus escravos"
Estou esperando até hoje as lembrancinhas compradas na Rússia.E isso já faz um ano e meio.
Easpero que tenha mais sorte do que eu e recupere o que precisa!
A minha definição para Emo é:EMORRÓIDAS(HEMORRÓIDAS)é o que essas músicas de EMO significam para mim!
Até me assustei quando fui á galeria do rock(situa-se no centro de São Paulo)onde antes havia muitas lojas de metal e havia muitos metaleiros,hoje encontra-se muitos muitos EMOS!
É triste para mim,não tenho mais vontade de frequentar lá!
Quero deixar bem claro que não sou preconceituosa,porém é desanimador,pois as músicas são um modismo,pop frustante.Qual é?eles "curtem" Avril Lavigne!
ABRAÇOS!!!

Engel disse...

Não consigo, mesmo depois de ler o teu post, encontrar uma definição satisfatória para o que é 'emo'. As que encontro parecem-me por demais limitadoras, não sei porquê... 'EMOtional way of life', como já li algures, ou 'quem leva os sentimentos ao exagero, especialmente os mais melancólicos'.
Logo aí tento não entrar muito pela discussão do 'fenómeno'. Mas a chatice é que se uma pessoa anda metida por entre músicas, buscando sons novos, falando sobre música com outras gentes, é difícil não esbarrar em algo que nos cheire, precisamente, a 'emo'.
E então? Desviamo-nos e seguimos em frente, ou paramos a debater?
O lógico seria dedicar algum tempo a debater, e a aprofundar o nosso conhecimento sobre isso. Só que não é isso que dou por mim a fazer. Prefiro passar ao lado, porque as amostras de 'emo' que tive até hoje são tão más (MCR, por exemplo, ou April Lavigne, que sou obrigada a ouvir na rádio todos os dias), que prefiro manter-me longe.
Não digo que um dia não me dê uma qualquer curiosidade para experimentar. Mas quando o fizer, não quero ter cá dentro este pré-conceito, gostaria de estar já suficientemente afastada de todo este hype e conotações negativas em volta do termo.
Portanto... 'emo', até um dia. :P

Daniel Marujo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EyeOfHorus disse...

Há bastantes anos atrás numa aula de língua portuguesa tive a infeliz ideia de abrir a boca para dizer que não gostava de um determinado músico, do qual só conhecia o nome e por ouvir falar mal. No final da aula o meu professor chamou-me, perguntou-me se lhe conhecia algum trabalho ao que eu, envergonha,respondi que não. Deu-me uma cassete desse mesmo músico, pediu-me que ouvisse com atenção e depois lhe dissesse o que tinha achado. Escusado será dizer que nos dias seguintes lhe cravei todos os vinis e mais algumas cassetes e aprendi a bela lição de não falar do que não se conhece.
Ainda hoje lhe agradeço isso e o facto de me ter despertado o gosto por Eça de Queirós e os Joy Division.
Black nº1 kiss

Joaquim Esteves disse...

emo emo emo...
acho horrivel essemovimento. Critico.os principalmente devido ao facto das caveirinhas e dessas coisas efeminadas, que so servem para afirmar uma coisa que nao e preciso afirmar: eu tenho sentimentos.
porque haveria eu de ExCrEvER AxiHm PrOHx MeuhX aMigUhx...
tipo, eu gosto de edgar allan poe e lovecraft eu gosto de caveiras e ossos e cemiterios...mas preciso de andar a dizer a todo o mundo isso.
o que mais me irrita neste movimento e o "wanna be"...por favor, qual e a cena. tem medo que ninguem os leve a serio.rir e nao emo.kraist!!


em relacao aos cult of luna e a primeira x k ouco essa definicao. mais comom e a de post-core.post rock ou noisecore.fui ve.los e tive o prazer de estar com eles. sao altos bacano e bem divertidos, contrariamente a esses posers que por ai se vao espalhando...
acho que e um circulo que se repete,mas com roupagens diferentes.

Best Regards

P.S.desculpem a PESSIMA pontuacao e acentuacao,mas estou na noruega, a escrever no PC de um hungaro...:P

Dicas e Mimos disse...

Gosto muito de 30 seconds...acho uma banda bem diferente das demais bandinhas de emo....
E realmente já vi esse video que tu falou da banda...é perfeitoo,conheci a banda atravez desse video =D

tens bom gosto ^^
abraço

Fátima Inácio Gomes disse...

MCR?!... não encontro NADA de metal naquilo! E detesto lamechices!... a vida já traz DOR que chegue... eu não cultivo a Dor (e esses meninos que o fazem, não a conhecem, verdadeiramente...) eu escalpelizo-a e encaro-a olhos nos olhos.


Quanto às caveiras e afins... gosto, de ver, sem exageros... como em tudo, primo pelo bom gosto e pelo equilíbrio. Para mim o negro é sóbrio... podem ser caveiras, fantasmas e morcegos, quando se exagera, não deixa de ser a mesma árvore de natal ambulante, exactamente igual à do hip-hop, do pimba ou do betinho... apenas mudam as cores.

Nota: Fernando, mais valia teres trincado a lingua quando falaste da viagem para Turquia!... lá foram as bagagens outra vez!... Irra!

L. disse...

fernando

o meu nome é luis pedroso e fui um dos maluquinhos que andavam a ver moonspell no cafe concerto minusculo da voz do operario... ha uns 14 anos

gostava de saber para que morada te posso enviar o meu 2º livro de poesia,

o meu nome e a noite

que publiquei pela papiro editora em fevereiro passado

luisbpedroso@gmail.com

hasta

Fátima Inácio Gomes disse...

Reparo na alienação do meu comentário anterior... esta luz estival fere-me a visão e altera-me o precário equilíbrio... eheheh

Entretanto, com a lentidão própria das férias, fui pensando na cena das bagagens perdidas... com o pouco conhecimento que tenho, mesmo assim, sou já capaz de dar conta dos dois recentes casos dos Moonspell, dos Orphaned Land (em Julho, quando cá vieram), que também ficaram sem alguns instrumentos, dos Samael, na sua vinda cá... que raio se passa?!?!?! E, directamente para o Fernando, como lidam as bandas com este [grave] problema?!... os instrumentos são parte integrante e fundamental da performance de um músico... com estes "desvios" o espectáculo perde parte da magia... defrauda-se o público, a organização, os próprios músicos, que são os últimos culpados e as primeiras vítimas.
Quem compensa um fã que espera anos para ver a sua banda, depois de lhe roubarem parte do encanto? Quem compensa o suor de uma banda que ensaia para que tudo seja perfeito?

sr. grauuu disse...

http://www.youtube.com/watch?v=lb5Ne2Es71g

Grind On disse...

Para começar quero agradecer ao sr. grauuu por colocar este link.

Não conheço bem o conceito "Emo", e apesar de continuar a conhecer ouvi mais uma banda deste género.

A verdade é que acho isto intragável e sem qualquer hipotese de envelhecer bem!

MCR já vi um concerto na TV e realmente o concerto tinha uma intensidade engraçada. A musica para mim também é intragável! O facto de ele se vestir tipo soldadinho de chumbo tirado de um album de Marillion, também não me aquece nem arrefece.

Aliás, talvez aí tenha qualquer coisa emo em mim! É que durante a semana ando de gravata, farpela que pelos vistos agrada a esta malta. No fim de semana volto ao bicho do mato de t-shirts de Autopsy!

Não digo nem bem nem mal do movimento. Não conheço! Não gosto do som das bandas!

Klatuu o embuçado disse...

Os MCR não são nada: surgiram com o look «punk-betinho-armado-em-punk-chunga», mas foram-se adaptando ao mercado. Como as «lolitas-dark-whore-de-fim-de-semana» começaram a ter orgasmos com os clips do vocal bonitinho e amaneirado - o management da banda viu o «golpe» e os amiguitos começaram a pintar os olhos e a mascarrar-se de panos. As letras também mudaram para o género «os meus-pais-não-me-compreendem-vou-matar-me»!

Tu não tenhas mau feitio - convida estes para uns coros!
JAJAJAJAJA!!!

Abraço!
P. S. Se ainda não fostes... entra na Basílica de Santa Sofia!
- Tira fotos... ;)

Klatuu o embuçado disse...

P. P. S. É tão má a crítica musical neste País! Mas tem uma justificação funda e renovada: a mediocridade dos públicos!

No fundo, sabemos como é: basta passar um clip todos os dias no MTV Channel... Claro, só tem efeito, se for mau - ou seja, se for ao encontro da mediocridade dos públicos.

Adoro meninas de caveirinhas nas cuecas... :)

Let it be dark...
and let my bats fly!!

Anônimo disse...

Sem muito tempo para comentario escrever...curiosidade tinha deste blog conhecer e vou ca muito tempo passar e nao gastar para todos os paragrafos ler. Não gosto de Emo... gosto da Turquia :)

ate uma proxima...com comentario util redigido.