sábado, 17 de novembro de 2007

Forever young

Se notaram o meu desparecimento, agradeço-vos. Se não o notaram, agradeço-vos à mesma. Assim não terei de ocupar espaço com palavras de desculpa que já todos conhecem e continuam, com muita paciência, a aceitar. Aceitem, então, com igual elegância, o meu obrigado pela expectativa ou falta dela.

Digo-vos onde estive: no fim do mundo. No local mas também no tempo. Estive na casa de alguém chamado Robert Neville, o último homem da Terra, uma casa porreira, toda fortificada com tábuas de madeira contra os vampiros que lhe fazem companhia neste fim do mundo (tempo e espaço). Acompanhei-lhe as bebedeiras, ouvimos Beethoven, Schubert e Lied juntos e vi-o a tornar-se numa lenda. Matámos vampiros juntos, investigámos a causa da praga e, enfim, fizémos muita coisa, pintámos a manta de sangue.

Falando direito, tudo isto se encontra na tradução do clássico I am Legend (Eu sou a lenda) para a editora Saída de Emergência. Sai dia 5 do 12, e o filme com Will Smith a 28 do mesmo mês, um filme de Natal em absoluto.

O termo Forever young (a única canção dos Alphaville que encheu a Praça Sony, esse agora destroço, emblema dos grandes políticos e gestores que temos a felicidade de ter na nossa capital) é associado aos vampiros também, que se mantém eternamente jovens na sua podridão e maldição. Entra então aqui o twist à Spectator:

- Quem de nós não se (e passo a listar) indignou, chateou, preocupou, fez troça de, humilhou, desejou que assim não fosse, com a presença assídua, sentida, exibicionista, por vezes, de jovens muito jovens nos concertos, nos foruns, nas actividades, com, a sua maioria talvez, os seus risinhos nervosos, ou gritinhos ou enfiamentos tímidos em si mesmos? Acho que toda a gente que está a ler. Hoje em dia quem está a escrever isto, cada vez menos, asseguro-vos.

Passo a explicar:

- Ao apontar a nossa superioriade de trintões vividos no tempo do cubo mágico, que sobreviveram à Idade Média sem a luz dos telemóveis para nos guiar, aos young adults estamos, na verdade, a perpetuar gerações do gozo ao qual fomos alvos votados há anos atrás. Quando comecei a ouvir Metal, muitas costas dos mais velhos se viraram para mim, fechando-me o sorriso dos olhos, arrefecendo a ânsia de uma palavra, a ânsia em saber, em pescar alguma coisa ou a ficar com as sobras das redes. Fazer isso aos outros, na idade das importâncias, seria para mim um falhanço da minha personalidade. Por isso não acho rídiculo por demais os "putos" irem gritar e chorar para o concerto dos My Chemical Romance. Acho sim perigoso não terem a oportunidade desse escape e irem ao Garage beber vodka, e isto sem moralismos de maior porque também tive culpas nesse cartório das bebedeiras juvenis, e alimentarem um sistema que os prejudica. A música liberta-os.

-Depois, não dar oportunidade por causa da idade é uma espécie de racismo etário, que procuro evitar. Se tivesse caído pessoalmente nessa armadilha, quer como vítima, quer como culpado, talvez não conseguisse aqui estar a elaborar sobre ela. Cada vez mais que acredito em duas coisas: o público tem um papel fundamental na preservação da nossa espécie. Por outro lado, o público não sabe ou não quer saber disso, ignorando a emoção em função do que é prático e por vezes periférico. Em todas as consultas que me fazem tento falar, assumindo os constrangimentos que isso me possa causar, dessa demissão do público por si mesmo. Não me venham dizer que são só os miúdos que sacam e pirateam, se o fazem, porque o fazem, muitos deles não constituem a partir disso um negócio como alguns peixes bem mais graúdos. E conheço muito boa gente "medieval" que à falta deste mundo e agora na presença dele enche os seus discos rígidos com tudo o que possa, mesmo do que não precise, não há fome que não dê em tortura. Retomando o fio à meada (quebro hoje o recorde de frases feitas!), onde é que ela está?, ostracizar uma parte muito importante desse público será pouco sensivel e inteligente.

Porque o entusiasmo gera chorinhos e parvoíces, mas também garante continuidade. Porque da maioria palradora, existirão sempre alguns que se irão tornar autores de obra feita e continuar a corrente. Porque quem ontem ouviu Evanescence ouve hoje, e com fervor, Katatonia. Porque de todos os excessos sobrarão sempre virtudes, há que respeitar os mais novos.

Dependemos deles por muito que isso nos possa aterrorizar e dar-lhes um empurrão, sacudir-lhe os ombros, uma palmada amigável (!) se for preciso, um grito mas também um incentivo ou elogio, é bem melhor que a sobranceria e a inferioridade com que muitas vezes eles entram no nosso quotidiano e pensamento.

18 comentários:

Anônimo disse...

O que não quer dizer que não me envergonhe de já ter ouvido Linkin Park.
Anyway, não contes com esse tipo de confrontções da minha parte. Com catorze aninhos e ainda por cima rapariga, ainda estou bem debaixo das asinhas dos meus pais. Antes morrer que deixar a miúda ir a um concerto O_o

Anônimo disse...

mais uma vez, genial nas Palavras. Parabens Fernando. Sem dúvida alguma que aquele fanatismo exacerbado que eu nutri pelos Limp Bizkit, me abriu portas para mais tearde receber os Slipknot, seguidos dos Sepultura, depois os PANTERA, os Metallica, Cradle of Filth, Mercyful Fate e por aí fora..(os MOONSPELL estão ali no meio tambem jão nao me lembra em que altura os conheci, mas penso que fui entre os Cradle e os Mercyful Fate...conheci-vos pelo Wolfheart,apaixonei-me pela ataegina em primeiro e depois o album como um todo...que grande descoberta)....apenas nso ultimos dias tomei conhecimento da obra I am legend de vido á tua tradução..agora tou curiosissimo por ler o livro e ver o filme...sim ,já esperava o novo post á uns tempos :)....mais uma vez obrigado pela cultura que me transmites.

Emanuel.

I. disse...

Eu sou das que sentiu a falta do Spectator! ;) Vir aqui e encontrar algo para ler já é um hábito e quando falha...fica sempre "aquele" vazio.
Estou completamente de acordo com este post. Faça-se o que se fizer em relação aos jovens, a única coisa "not to do" é ignorá-los. Se "os jovens são o futuro" é frase feita, ninguém tem dúvida. Mas já há muito que aprendi que se as frases feitas existem é porque encerram em si alguma (muita!) verdade. E sim, são os chorinhos, risinhos e gritinhos de hoje que nos abrem a mente para a grandeza do amanhã.

Inês

Anônimo disse...

querido Fernando:
"faço minhas as tuas palavras". foi isto o que me escreveste no meu exemplar do teu livro "dialogo de vultos" e na altura fiquei muito feliz por teres interiorizado aquilo que tínhamos falado (não te recordarás, certamente. não tem mal). e agora faço minhas as tuas palavras. concordo em tudo o que tu disseste. eu própria, quando vou assistir a um concerto, seja da tua banda ou de qualquer outra que eu goste, sinto aquele entusiasmo "infantil", de alegria, de divertimento. e eu sou da opinião que sentir isso é bom. eu oiço bandas que para muitos são considerados "lixo comercial", mas a mim não me importa. sinto o mesmo entusiasmo a ouvir essas bandas. a mim dizem-me muito. como ouvir as tuas musicas também me dizem muito.
um entusiasmo, seja ele infantil ou não e uma abertura de mentes é bom. respeito é belo. e sentir a musica no espírito também.

beijinhos e felicidades =D*****

Lord of Erewhon disse...

Lembro-me de há uns anos te teres desembaraço com elegância e inteligência de uma questão difícil àcerca da letra «Alma Mater»... falaste da independência dos artistas e do seu dever de fazer pensar os públicos, mesmo se pela via da provocação...

À tua reflexão neste texto falta, no meu entender, falares do poder manipulador que a música exerce sobre os públicos mais jovens, poder tal que determina comportamentos e modos de pensar.
A época tão politicamente pobre em que vivemos tem reforçado esse papel em todas as artes que lidam com grandes públicos, principalmente se é possível reuni-los às dezenas de milhar num espectáculo.

Falar de uma luta de primados ao confrontarmos um concerto de Da Weasel e de Moonspell não será um exagero semântico... bastaria confrontarmos também os públicos para percebermos que, cada vez mais, nos estilos se disputam ideias, nomeadamente a ideia do que queremos que Portugal seja!

Assistir no Coliseu a meninos de braço em riste quando no palco se interpretava «Alma Mater» não me agrada, principalmente porque nenhum responderia a perguntas simples, como «quanto tempo durou a II Grande Guerra?», «em que ano foi fundado Portugal?» ou «que evento importante ocorreu em 1640?»... mas incomoda-me menos do que ouvir «passa aí esse mambo», «tá-se bem» ou «o meu damo não veio porque tá constipado».

O esclarecimento e a civilização da criatura humana sempre foi o grande saldo ético de toda a forma de arte... Por isso não pude deixar de me comover com a lição de Pátria que proporciona a excelente produção da vossa mais recente série de espectáculos: um Portugal múltiplo, árabe, judio, Lusitano e pagão, com mar e montanha, com lobos e sombras, forças telúricas, celestiais e infernais, tempestades e encantamentos!

Portugal não precisa de lições de integração nem de nacionalismo - precisa tão somente que saibam escutar a sua voz ancestral e a proclamem por todas as formas culturais, filosóficas e artísticas... nos cânones próprios de uma matriz com 800 anos de História e Vida!

Abraço Fernando, outro para o Mike, os restantes meninos e... um «dark kiss» para as meninas... ;)

João Araújo disse...

Para começar, sim, criaste expectativa, gosto de ler os teus posts, apesar de ser o meu 1º comentário costumo passar por cá.

Quanto ao post em si, continuo a achar rídiculo os "putos"(quem sou eu, com 15 anos, para lhes chamar putos?) irem chorar e gritar, entre outras "figuras tristes" para os concertos (apesar de raramente ir a concertos, porque, onde moro, há poucos ou nenhums:( ), e se os chatearem, como disseste, pode ser que se apercebam disso e mudem. Esse entusiasmo, como tudo o que é demais, enjoa. Fugindo ao tópico, o que acho pior ainda são "putos" (here I go again...) que vão a concertos das suas bandas “favoritas” e depois nem ligam ao concerto.
Também não vejo necessidade das "bebedeiras juvenis", nunca lhes senti a falta, a música por si só chega-me (e sobra, como escape).
Quanto a esse gozo ser hipocrisia da parte dos mais velhos, não sei, não vivi nesse tempo.

Abraço

João

Jo disse...

Acho que me enquadro nessa do "young adult" (gostei da designação) e concordo com o teu ponto de vista. O ser humano emociona-se com o que o toca, e o que nos toca depende da nossa maturidade, e vai com ela variando. O importante é deixá-los viver as experiências... para o resto, há tempo.
beijo*

Lux Caldron disse...

Sem dúvida que todas as gerações merecem ser autênticas à sua maneira, faz parte da evolução, e a estranheza, por vezes preconceito, com que são recebidos pelas gerações anteriores é a mesma com que essas gerações foram recebidas pelas anteriores desde o início dos tempos.

O problema é quando esse direito à autenticidade e à diferença é detorpado por modas que nada mais fazem que transformar aquilo que seria a essência de alguém numa norma que obriga a respeitar certas regras sobe a pena da não aceitação. E infelizmente também desde o início dos tempos que a sociedade, ou sub-grupos desta, obrigam as pessoas a moldar a sua essência para caber na sua suposta normalidade, e são raras as pessoas que persistem na sua luta em defesa da sua personalidade.

Estou de acordo que temos de aceitar os nossos jovens como eles são, dando-lhes o apoio, e até as palmadinhas nas costas, que eles precisarem. Mas infelizmente também me custa ver quando esses jovens partem para um rumo de vida em que não pensam pela sua própria cabeça, sendo levados constantemente por aquilo que quem os rodeia quer para eles.

Penso que é também um dever dos mais velhos, alertar constantemente as novas gerações para o perigo de deixar para trás a sua essência, seja ela qual for.

Ruela disse...

Diversidade...chave da futura sociedade híbrida.

Sonja disse...

Até há muito pouco tempo os putos davam-me cabo dos nervos. A maluqueira que a ordem de soltura proporciona não se coaduna com a minha maneira de ser.
Porém, é por eu ter sido "puto" (vou evitar usar o feminino) que hoje posso falar de todos os concertos aos quais fui. É por ter andado por lá que posso falar, orgulhosa.
E fui "puto" quando fui ao concerto de Sex Pistols no jublileu da rainha... era o meu primeiro concerto da banda e já vinha atrasado, para mim, bem mais de uma década. E gritei e cantei e dancei. E eu já não tinha 15 anos e quem olhou para mim, de lado, já não tinha 30 há muito.

São histéricos efectivamente e dá vontade de lhes dar duas bofetadas, sim. Mas ainda bem que fazem este caminho.

Sonja

Joaquim Esteves disse...

Bem vindo de volta!

As vezes fico a pensar no que me levou a ouvir tanto lixo quando era mais garoto...Mas, pensando bem, o que me levava a rir das anedotas da escola primaria, que agora nao têm piada nenhuma?
Nao tenho vergonha nenhuma em dizer que gosto desta ou daquela banda, que gostei disto ou daquilo...foram fases! Ao menos fiquei com pontos de referencia para saber separar o trigo do joio. (Ah, saudosos tempos em que me fartava de ouvir Limp Bizkit e adorava a coisa!=P ).

Quando comecei a entrar na cena metaleira, os mais rodados na materia, bombardeavam-me com nomes de bandas, artistas e albuns, dos quais nunca tinha ouvido falar. Nunca percebi muito bem porque...acho que deveria ser para demonstrar algum tipo de superioridade ou de conhecimento, que so "alguns escolhidos" tinham acesso. portuguesmente falando: queriam que me sentisse burro. A minha solucao? Continuei a ouvir o que me apetecia, quando me apetecia, borrifando-me para os gurus com coleccoes de 5000cds! Pena eh, que esses mesmos "gurus", continuam a fazer o mesmo com toda a gente.

em relacao aos gritinhos...bem, ja todos fomos garotos,nao eh verdade? e pitas histericas irao sempre haver!esperemos eh que nao permanecam assim a vida toda!

Cheers!

Joaquim Esteves disse...

lord of erewhon, o que eh que "principalmente porque nenhum responderia a perguntas simples, como «quanto tempo durou a II Grande Guerra?», «em que ano foi fundado Portugal?» ou «que evento importante ocorreu em 1640?»" tem a ver com ouvir musica?

ha gente mal informada em qualquer lado...so what?their loss!
eu nao sou propriamente daquelas pessoas que vai para um concerto perguntar isso a quem passa. Vejo que tratas com desdem quem nao sabe responder a essas perguntas. E pode parecer-te ridiculo, mas ha muitos tipo de conhecimento e, eventualmente, podera haver quem nao saiba responder a essas questoes, mas poderao saber responder a outras, as quais nunca te perguntaste antes... tipo "Sabes cozinhar arroz a Bolhao Pato?"

cheers!

Lord of Erewhon disse...

Quando Portugal precisar de um cozinheiro enviamos-te um faxe.

Engel disse...

A mim aflige-me mais ver putos em discotecas e bares do que em concertos. Até sou capaz de ficar com vontade de lhes dar a tal palmadinha nas costas se os vir a curtir um bom concerto, pois é bom sinal. Não sei que seria desta 'young adult' trintona hoje se com 15 anos não tivesse ido ver Metallica a Alvalade. Se na altura algum 'young adult' me olhou de soslaio, passou-me ao lado. Foi um dos melhores dias da minha adolescência, e acho que todos devem ter uma oportunidade dessas - com essa idade. É importante.

Além do mais, quantas vezes não encontramos adultos que fazem piores figuras que os ditos 'putos' por esses meios de expressão fora? E quantos putos bem falantes?
Cada puto é um caso, e eu faço um grande esforço por ter sempre isso presente. Não me quero transformar numa trintona arrogante, pois jurei a mim mesma quando era teenager que nunca iria agir como certos adultos agiam comigo. Com as manias, histerias e ridicularidades típicas da canalhada (dos que as têm) lida-se bem: ignora-se e um dia poderemos conversar com eles decentemente. :-)

E sim, fizeste-nos falta.

Anônimo disse...

É mesmo isso. Já estava a fazer falta ler esse ponto de vista em qualquer lado.
Tudo bem que há adolescentes que merecem o virar de costas porque são mesmo plásticos, mas os que estão cá há mais tempo deveriam saber separar as coisas e não criticar so pelo simples facto destes adolescentes não terem vivido os tempos áureos ou não conhecerem tudo o que eles conhecem. Falo por experiência própria racismo etário é o que mais presencio e experimento e já não sou adolescente. Concordo com a pessoa que diz aí que o bombardeavam com nomes de bandas que ele nem sequer tinha ouvido falar e continuava a ouvir aquilo que lhe dava prazer. E não foi com esse intuito que surgiu a musica? Não é esse o objectivo? O prazer, o deleite?
Não é isso que deveria importar? Ou queriam que os miúdos começassem a ouvir bandas dos anos 80 e 90 (tempos que eles não viveram nem pertencem), para conseguir serem respeitados? É obvio que não podemos colocar os metaleiros todos no mesmo saco, há os que passam o conhecimento trocam álbuns e experiências com os mais novos e há aqueles que nos fazem sentir “burros” (embora digamos que não nos afecta, quando chegamos ao quarto e ficamos sós sentimos isso e repensamos a nossa posição, falo por mim). Claro que é preciso aquela cultura, aquele desbravar de caminhos mas os adolescentes, os jovens que sentem o que ouvem, que não são plásticos, acabam por descobrir todas essas referências, acabam por viajar pelo berço do metal e beber o conhecimento, porque sim é necessário (mas não é um necessário de obrigação) E os mais velhos? Será que muitos deles conhecem as bandas que os putos ouvem que fazem parte da época em que eles vivem? E não falo das mais comerciais há muito boas bandas actualmente que não se fundaram há 10 ou 20 anos e que modelam e dão um novo fulgor ao metal.
E bolas não é nesta idade que se é fã com mais fervor, com aquela pureza? Em que vamos à luta para defendermos aquela banda em que acreditamos? Não é daí que nasce a essência? (peço imensa desculpa pelo tamanho do comentário)

P.S. ah se eles soubessem o quão importante é para nós essa palmada amigável, esse cumprimento, se eles soubessem como nos sentimos quando ficamos ali a ouvir as suas histórias, as suas referências, o seu conhecimento. Se eles soubessem como esses pequenos gestos nos fazem sentir...

lakecoventina disse...

Boa Noite!É lógico que notei a sua ausencia,ou voçe acha que fico satisfeita lhe "infernizar" apenas em um lugar.
Esse livro Richard Matheson foi o meu primeiro livro,gostei muito,assisti a primeira versão do filme,vamos ver c/será a nova.
Por aqui também associamos vampiro aos politicos.Eu acho que assim c/no livro(Robert Neville era uma ameaça aos vampiros)o povo também é p/ os politicos.
Eu espero não fazer parte do seu desgosto c/ os meus comentários.Eu tento demonstrar carinho por seu trabalho pois é o que suas músicas,sua pessoa despertam em mim!
"Trintões" os Moonspell são p/ mim c/ um bom vinho,quanto mais vellho melhor...(Casillero Del Diablo).Eu também não tive apoio dos mais experientes na música,mesmo assim não desistir saciar meu desejo,passeava c/ frequencia em lojas,comprava revistas,lá então fiz amigos,esses que eram sarcáticos,por x até ofensivos,me julgavam por ser novinha,gostar de música clássica,alguns hard rock,vesti-me arrumadinha,ler).Deveria eu ter vermes mosquitos em volta de mim p/ ser aceita?Não.
Fico feliz por voçe e por mim não cometermos o mesmo erro aos outros que nos fizeram no passado.
Olha não sou contra as bebedeiras,pelo menos no meu caso e de quem conheço,as bebedeiras nunca afetaram o caráter de cada um.A caipirinha é minha amiga.Já vi muitos que usam o alcool c/ "escudo" a fim de justificar seus erros,são prisões que eles criaram p/ si mesmos.
Não tenho preconceito sobre as bandas novas ou estilo,ouço de tudo,preciso saber o que me conquistará ou não,p/ isso tenho que conhecer.Sou á favor de apoia-las e faço isso mesmo que não tenha me interessado,legal da sua parte fazer isso,afinal,um dia voçe também esteve em tal posição e hoje taí Grandão,voçe sabe c/é a sensação.Ouvir Evanescence,Chemical Romance não gostei,mas respeito,adoro Katatonia.
Abraços!!!

Anônimo disse...

Deixei os Ministars e começei a ouvir AC/DC e daí em diante para sons cada vez menos "de meninas" (segundo os meus avós) ou mais satânicos (segundo os amigos da escola católica), tive poucos amigos para trocar as k7 regravadas 1000x e fui a muitos concertos sozinha depois de lutas infindáveis com os meus pais (saudades de moonspell no garage), por isso nunca pertenci ao fenomeno de grupo que une as amizades entre adolescentes e que exacerba as manifestações estridentes, mas que revelam a grandeza do entusiasmo do momento. Uns manter-se-ão fiéis, outros não...E se já não gostarem daquela banda passado três meses, so what? ao menos curtiram enquanto pensavam que gostavam. Em vilar vi uma miúda de uns 13 anos agarrar a toalha do vocalista dos HIM com o mesmo entusiamo que no coliseu vi uma mulher de 30 e muitos dar um gritinho estridente (mesmo a meu ouvido) quando o Slash se aproximou do público. São entusiasmos...(se bem que às vezes irrita!) ;)

Anônimo disse...

Segunda-feira, 26 de Março de 2007

O Passado no Presente. E o inverso também é verdade.


Chegámos a Almada às 18h. Ainda faltavam 4 horas para o concerto começar. A fila formava-se junto à entrada. Memórias ocorreram-me. Já ali tinha estado. Quase uma década depois. A Incrível Almadense. Concertos de metal outrora. O grupo de amigos do Barreiro. 16,17 anos, não tínhamos mais. Algo de muito forte nos unia. A música. No sábado o ambiente era diferente. Ou penso eu que foi diferente. Os miúdos de agora, são os miúdos de há 10 anos atrás, no mesmo sítio. As camisolas e as t-shirts apresentam nomes de bandas mais recentes. Ainda assim, ainda se vêm uma outra camisola do Wolfheart. Amigo, vamos beber umas cervejas! Vamos. Isto é só putos. No nosso tempo era diferente. Era mais Dark. Realidade ou Conservadorismo? Seja lá o que for. O concerto começa. A batida de um tema bom. De um álbum menor. From lowering skies. Estou na terceira fila. Abano a cabeça. Hoje, sem cabelo. Olho-te de frente com atenção. Estiveste na parede do meu quarto alguns anos. Admirei-te. Ainda te admiro. Apercebo-me dos primeiros acordes do Wolfshade. Começo a entrar em êxtase. Voz gutural sincronizada com a do Fernando. Noutros tempos Langsuyar. Opium. Vampiria. Awake. Mephisto. Full Moon Madness. E para grande espanto e loucura minha. A primeira malha do Under the Moonspell. Tenebrarum Oratorium. À terceira malha do concerto já estava na fila da frente. A meu lado uma rapariga avisa-me que está ali. Para ter cuidado. Sim. todo eu escorro em suor. Longsleeve dos Hypocrisy encharcada. Under the Moonspell. Andava eu no primeiro período no 7º ano. Alcochete. Os irmãos Coelho abriram a minha mente para a música pesada. O meu obrigado. Umas cassetes com o Under, o Wolfheart, o March to death do primeiro álbum de Ramp e o Cemetery Gates dos Pantera. Under the Moonspell. Um mini álbum. 20 minutos. Êxtase. Ao vivo. Algo de brutal. Quem me dera poder ter estado no Convento do Beato. 14 anos. Mas com 24. A Incrível estava cheia. Não tão dark como outrora. É verdade. Muitos miúdos. Mas eu também o fui. Já vi os Moonspell talvez umas 7 vezes. Mas este Concerto foi-me muito especial.