quarta-feira, 17 de junho de 2009

Show your ass, pack your stuff

A janela do nosso camarim em Durbuy, Bélgica, dá cá para fora para o palco "secundário" onde as tarefas dificeis dor Rock estão em plena actividade, no cruzamento entre as bancas de merchandise e bijuteria alternativa, o omnipresente hot dog e o cair do dia, excitando a noite.

Tocam, naquele presente momento, uma banda cujo nome esqueci. O estilo é aquele rock com um pé no betinho, Orange amplifier, com atitude punk, tipo o vocalista a descer até à meia centena de pessoas e dançar com elas, beijar a miúda gorda com os dreadlocks coloridos. Conseguida a reacção, volta ao palco, e brinca com guitarras, cabos, e mostra o cu, em apoteose Rock. Esta banda amanhã, provavelmente, estará a vender muitos discos na América e a aparecer, ao vivo, no Conen'o'Brien

Passado mais uma banda no palco principal (New Model Army, yeah!)e entra outra banda e esta sim lembro-me do nome Peter Pan Raging Speedhorn, rock, metal com muito Motorhead e atitude. Os nossos amigos dos quais não me lembro do nome, já arrumaram, já estão a distribuir flyers, a caminho da carrinha em direcção ao horizonte. Um caso, mais outro de Show your ass, pack your stuff.

E o que é bonito: é que nada há de decadente neste mostrar e arrumar. Cada vez me fascina mais o sonho do rock, o compromisso sobre o qual falei na última coluna da Loud!para o atingir, compromisso esse que não significa cedência mas, pelo contrário, a luta comprometida (ai, as palavras!!!)para conseguir, e, passo a passo, no verdadeiro sentido da estrada.

Por isso sei que, apesar dos pesadelos ocasioniais, eu sou nada mais que um privilegiado e trabalhar todos os dias e estar a compor todos os dias por muito estranho ou exagerado que pareça, é em absoluto normal. Privilégios não se discutem, honram-se.

É num e de um intervalo de um ensaio para o Hellfest (sim já tocámos milhares de vezes estas canções) que vos escrevo. Está um calor terrível, mas não se compara ao calor interior que é estar a noite toda acordado a descobrir novos mundos dentro do nosso.

7 comentários:

Veronika disse...

Privilégios não se discutem, honram-se.

:) A verdade eterna, e dizenda da pessoa, que sabe, sobre que fala.

Obrigada pela uma introspeccao rapida.

A Lisboeta disse...

Há quem diga que estamos sempre a aprender. E os privilégios honram-se, sim. Está tudo dito :) Os pesadelos ocasionais... quem é que gosta? Mas penso que sem eles, também não se dava o devido valor aos privilégios. Não se dava a devida honra, como tu dizes.

Espero que esteja tudo a correr bem para o Hellfest :) Beijinhos

António Durães disse...

Cada vez me fascina mais o sonho do rock...eu sou nada mais que um privilegiado e trabalhar todos os dias ...

É pena que neste país junto ao MAR o rock/metal (ou outras vertentes) aindam sejam tratados como um MAL da sociedade..

Depois da tour ibérica que fiz recentemente, finalmente comecei a ser tratado como um músico no meu País. Privilegiado? Sim sinto-me..

A:D

O BAR DO OSSIAN disse...

É caso para dizer que mostrar o cu «rocka»... :)

Abraço lusitano!

Lord of Erewhon

NightlyButterfly disse...

"Está um calor terrível, mas não se compara ao calor interior que é estar a noite toda acordado a descobrir novos mundos dentro do nosso."

Gostei da introspecção...principalmente desta última parte. É um desafio incomparável essa descoberta!

THis Me ... disse...

long time no see a terra prometida.. há quem diga que um papel e uma caneta fazem milagres cá dentro. a Ca das mentes & desatinos inspirados nos bons & maus momentos. É bom regressar aqui outra vez. Long time no see the world inside.

Ruben/Wolfheart disse...

"Cada vez me fascina mais o sonho do rock, o compromisso sobre o qual falei na última coluna da Loud!para o atingir, compromisso esse que não significa cedência mas, pelo contrário, a luta comprometida (ai, as palavras!!!)para conseguir, e, passo a passo, no verdadeiro sentido da estrada."

Concordo o simplesmente, mostrar e andar como se fossemos simplesmente convidados indesejados não é um comportamento digno de alguem que sonhe levar a musica, especialmente o nobre genero do metal a novas alturas neste nosso jardim a beira mar plantado.

Sou baixista ha relativamente pouco tempo e toco ha 4 meses 3 dos quais sem aulas e orgulho me de tudo o que aprendi, estou a ter aulas com um baixsta famoso, certamente conheceras André Marinho, é um previlegio aprender como ele e espero que evolua bastante para em breve puder montar um projecto em que possa mostrar que a minha vontade fazer musica e através disso revolucionar o nosso meio. Esta sim é a minha visão como jovem musico e que se um dia leres estas linhas compreendas o que sinto e o quanto desejo, fazer da musica o caminho que quero percorrer durante a vida!
Um abraço de um fa fervoroso :)
P.S: Se chegares a ler estas linhas e vires o que vejo e sentires como sinto deixa uma resposta, entrarei em cntacto contigo se assim puder ser, pra partilhar com alguem a visao que tenho e este sonho que me recuso a acreditar que seja meramente isso!