sábado, 31 de outubro de 2009

Tour USA parte 2

Semana 2

O nosso comandante Pedro Venâncio, aka Venice, diz-nos até já. Foi uma semana bem passada, desde Atlanta, um break na sua rotina dourada dos hotéis de cinco estrelas e de comida a horas, acolhido pelo sorriso mais sentido, quase adolescente do nosso amigo dos ares, que nos faz recuperar a magia daquele charme sujo do estilo de vida Rock, que, por vezes, esquecemos no meio da ansiedade de que as condições nos façam justiça. Ter um comandante da TAP a carregar as nossas caixas e instrumentos, a pôr as nossas águas e toalhas a jeito no palco, dormindo no back lounge do autocarro, a partilhar pizza fria e café, não é para todos. Significa que não há melhor status que a amizade. Obrigado Venice. See you in Frisco.

Há que nos determos sobre esta particularidade dos EUA. As condições são duras, a crise, aqui e ali, afecta algumas vendas de bilhetes mas há no fim deste arco-íris, por vezes negro, algo que reluz. Os já muitos amigos que temos nos EUA tornam a nossa vida mais fácil quase sempre, e equilibram o que de negativo possa haver nesta rotina de doidos. Ou o nosso amigo Tony Mecha, Brooklyn, NY, com os seus presentes e hospitalidade e verdadeira amizade, que vem de longe, dos seus tempos do mítico L’amour e amizade mútua Peter Steele e Type O, reforçada pelas últimas férias em Lisboa, connosco; não olvidando o bom americano, o Mark Creevy de Chicago que nos enche o autocarro de Samuel Adams, octoberfest, provavelmente a melhor cerveja do (novo) mundo e nos satisfaz o capricho das compras electrónicas; ao americo/brasileiro Robert Archie, também já com uma passagem em Lisboa no seu currículo, que para além de todo o vinho californiano e cabaz gourmet, ainda nos desenrasca junto ao consulado brasileiro em S.Francisco no calvário dos vistos temporários de entretainers, exigido burocraticamente pelas autoridades do pais irmão, não sem o seu quê de irónico já que estaremos por lá menos de 48 horas, diferente do facilitismo português em situações mais e por bastantes vezes menos idênticas. A amizade e a hospitalidade mima-nos e permite-nos momentos de qualidade no mais absurdo ou sujo dos sítios. Agradecidos!

Hoje é Seattle, que dispensa apresentações musicais. O clube é o Studio Seven/Showbox, mítico e sujo como quase todas as salas de aspecto bem grunge da sua capital e berço. Todas as salas tem bandas a tocar, a ensaiar, a dar no duro, umas mais acertadamente que outras mas criando um ambiente que nos coloca perante o privilégio de não sermos nós fechados no local de ensaio, mas sim a fechar a noite em palco, num dos concertos mais esperados da digressão, graças à estupenda reacção da última passagem por aqui em Novembro último com Danzig e Dimmu Borgir.

Até cá chegarmos estivemos três vezes no Canadá, com Vancouver a rivalizar em beleza, modernidade e adesão do público/tratamento da banda com as melhores salas Europeias e com a visita do aniversariante John Gonçalves (The Gift) companheiro destas e de outras andanças. Uma semana antes, Montreal, a confirmar sempre a regra de um dos melhores concertos das tours Norte Americanas, apesar do episódio, infelizmente not on tape, entre Don Aires e a polícia local.

O Aires tem as suas dificuldades com a porta do autocarro, em especial à noite, onde todos os gatos são pardos, e a seu quid pro quo com a entrada da sua casa sobre rodas, chama a atenção dos vizinhos que prontamente evocam a segurança máxima da cidade de Montreal. O vosso escriba já dorme o sono dos justos mas sente as pancadas nas paredes de alerta da policia. Mas, habituado às confusões da estrada, limito-me a virar a cabeça para o outro lado do travesseiro, deixando ao Pedro (Paixão) o papel de narrador, salvador da situação e testemunha da revista (de perna aberta) a Don Aires e ao seu diálogo com a autoridade que termina em boa disposição, iluminado pelas sirenes dos cinco carros da polícia que responderam à chamada.

Seguimos para o Mod Club em Toronto, um sítio fantástico, situado no quarteirão Português. Há Sumol (manga infelizmente) e água das Pedras no frigorifico do camarim e tudo adiciona a um dia não só muito produtivo e passado, à portuguesa, no café da esquina e uma noite bem passada, protegida pelos murais com versos camonianos e o seu busto em mármore, na entrada do clube. Os dois dias que se seguem são, esperadamente, os mais fracos e mais duros da tour, Cleveland numa Segunda Feira não é fácil e Detroit numa terça não destoa. Apesar do pitoresco Rock de Detroit, a crise nesta cidade que já foi a capital mundial do automóvel, sente-se nas ruas abandonadas e Cleveland é tranquilo sempre, para não dizer aborrecido. Chicago salva a semana e prova-se outra vez como a cidade talismã (com NY) para Moonspell e cuja fidelidade do público, a grande comunidade polaca desta cidade ajuda, será a maior do território Norte Americano, apesar da competição feroz da California cujas pré-vendas são as melhores da tour. E o clima primaveril já se deseja depois dos frios do Noroeste Americano.


O único senão de Chicago é o concerto ter lugar num sports bar daqueles dos filmes onde as pessoas se encontram para ver a final da Super Bowl (futebol americano) o que retira ambiente ao concerto embora a canja de galinha ao fim compense. O quarteirão de Kansas City, embora não Português,é de todo agradável e o Riot Room, pequeno mas com estilo de grande. O público hispânico toma conta do concerto, e nós temos de tomar conta deles, o entusiasmo tem destas coisas. O Mike tatua uma rosas roxas “across the street” e o Sábado à noite transforma as ruas nume festa de filmes, com carros conduzidos por afro-americanos, cheios de lcds laterais, a picarem-se nas estradas e miúdas bem vestidas mas mal bebidas a fazerem drama nas ruas, entre os três Portugueses (o nosso grupo) que comem os cachorros quentes e nocturnos antes de partirem rumo ao Velho Oeste, direcção Colorado.

O cabaret Cervantes, sic, revela-nos uma pequena mas verdadeiramente entusiasta audiência que fica até ao fim nesta noite fria de Domingo, passada entre lattes, skype e sestas. Também nos revela que nem todos os promotores tentam o seu máximo, e a promoção de 5 dias apenas não ajuda ao milagre apesar do concerto pequeno ter sabido a grande.

As próximas 24 horas, com pausas fisiológicas, são passadas numa viagem de doidos desde Denver a Vancouver, Canadá (vejam no mapa) adicionando mais umas boas centenas de quilómetros (2 milhares aliás, um Lisboa-Zurich num dia) à rodagem da banda, e os filmes repetidos no sinal de satélite (mais de 600 canais ao nosso dispor, medo…) que quebram a inflação de tédio que faz os quilómetros esticarem pela estrada do tempo fora.

A noite da viagem acaba num diner, com um pequeno-almoço de panquecas, ovos e bacon bem saboreado e o desejado (e prévio) banho quente nos hospitaleiros e enormes quatros do Holiday Inn Express.

Vem aí a Califórnia, vem aí o Texas. Vem aí a odisseia Latino Americana. Cacahuentes, el gran espirito del oso.

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7 comentários:

Chitraka disse...

Bem... esse episódio do Aires deve ter sido hilariante hahaha
Apanha que é ladrão!!!!! XD

Não sabia que o John era fã dos Moonspell... é só bom gosto aqui o pessoal de Alcobaça, estou a ver HAHAHA

Espero que passem um Dark Hell-oween nas Califórnias e depois não abusem muito nos cacauhetes hehehe

Dark Kiss
from Alcobaça, the eternal Land of Passion,

Ceci

A Lisboeta disse...

O carinho que sentem por vocês lá fora é muito... tanto mimo :)
O Aires é demais! Ahahaha esse episódio da porta deve ter sido hilariante!

Divirtam-se muito! =D

Madalena disse...

Um prazer voltar a ler-te
Boa Tour
Encham-se de mimos e voltem a casa.

Carolina Dávila disse...

Poor Aires!!! But it's going to be a funny story to remember!!!
;)

Fabiano Lobo disse...

Aguardo-vos ansiosamente no Brasil!!!
Na verdade, um grande sonho que me será realizado: - Ver os Moonspell ao vivo. -

Parabéns pelo excelente trabalho! Que a Noite Brasileira de 17 de Novembro seja Eterna!

Carolina Dávila disse...

Hey Fernando!!!
The show in Colombia was awesome, the best ever!!! Thanks for everything, it was nice to talk with you for a few minutes.
I hope to see Moonspell again soon!!!
Are you going to write something about the tour in latinamerica?

Kisses!!!

Anônimo disse...

Pobre Aires, proporcionou nos um momento divertido.
Ainda bem que se divertiram tanto e que foram tão bem tratados, alias como mereçem.
A última foto esta PERFEITA com todo o respeito Fernado, mas o Fernando é o protótipo do homem perfeito, pelo menos para mim, é perfeito. Continue assim.
Beijinhos da sua "vizinha" Raquel Valente